Há cinco meses, parentes de dois baianos tentam provar que eles foram vítimas de uma quadrilha de tráfico internacional de drogas. Os dois foram presos depois que a polícia encontrou mais de uma tonelada de cocaína na embarcação que eles iam levar para uma ilha em Portugal.
Tudo começou após um anúncio de emprego na internet. Foi assim que Rodrigo Dantas, de 25 anos, decidiu encarar o desafio de atravessar oceano Atlântico para entregar um veleiro na Ilha de Açores, em Portugal.
O anúncio procurava velejadores para compor a tripulação do veleiro que tinha acabado de ser reformado em um estaleiro em Salvador. Era uma oferta de trabalho de uma empresa internacional de recrutamento de mão-de-obra.
Rodrigo e outro velejador baiano, Daniel Guerra, foram contratados pela mesma empresa a Yatch Delivery Company, com sede na Holanda. Em Natal, o gaúcho Daniel Dantas se juntou à equipe. Antes de sair do Brasil em agosto, o veleiro passou por inspeções da Polícia Federal em Salvador e em Natal.
O barco foi liberado sem que nenhuma irregularidade fosse encontrada, mas na Ilha de Mindelo, em Cabo Verde, na África, o veleiro foi mais uma vez inspecionado e mais de uma tonelada de cocaína foi encontrada escondida em um piso de concreto e cimento na embarcação.
Rodrigo ficou durante quatro meses em liberdade condicional em Cabo Verde, mas na semana passada, ele e os outros velejadores foram presos novamente. “Rodrigo já vivia lá há quatro meses, cumprindo todas as determinações da lei, se apresentando regularmente para assinatura na polícia judiciária”, conta.
Durante todo esse tempo, o pai luta para provar que o filho não tem envolvimento com o crime. “Impossível fazer uma obra daquele porte para colocar 1.100kg de cocaína em um barco, depois de Rodrigo fazer o acesso ao barco. Impossível”, completa.
Rodrigo veleja desde os 12 anos e sonhava ser capitão internacional. Precisava de milhas náuticas velejadas para alcançar a graduação.
A família organizou uma abaixo-assinado on-line em busca de apoio e a mãe dele viaja na noite desta quinta-feira (28) para Cabo Verde para levar apoio ao filho.
“Ele foi vítima do tráfico internacional de drogas e a gente tem todas as provas. A gente tem todas as condições de provar que ele não está envolvido. Nem ele, nem os outros brasileiros”, diz a mãe de Rodrigo, Aniete Dantas.
Ainda segundo os parentes dos jovens, o dono do barco, George Fox, está sendo procurado pela Interpol. O caso está sendo acompanhado pela Polícia Federal, mas ainda não há previsão para a transferência dos brasileiros.