Avanço da vacinação e melhoria nos indicadores da pandemia são sinais favoráveis, mas inflação e crédito mais caro devem limitar compra de ovos e favorecer itens de menor valor
Após dois anos de Páscoa atípica no comércio por conta das medidas mais restritivas contra a Covid-19, a Fecomércio-RS espera, neste ano, uma maior circulação de pessoas no comércio em busca de chocolates para presentear na data, mas alerta que a alta dos preços e a retração na renda das famílias deverá provocar a procura por itens de menor valor. Por isso, em sua avaliação econômica em antecipação à Páscoa, a entidade faz recomendações para que os vendedores possam aproveitar o potencial da data e para que os consumidores consigam utilizar seu orçamento de forma mais eficiente.
A previsão é que a alta nos custos da indústria para produzir chocolates irá refletir nas prateleiras: o cacau, o açúcar, as embalagens e a energia estão mais caros, bem como os royalties dos brinquedos que costumam rechear os ovos de Páscoa. Diante desse cenário, as indústrias devem reduzir a produção de ovos e os lojistas devem preparar os seus estoques com antecedência, experimentar novos fornecedores e fazer parcerias, recomenda a assessoria econômica da entidade.
Já o consumidor sofre com o crédito mais caro. Além disso, observa-se uma redução da massa real de salários, que em dezembro de 2021 foi 1,8% menor em relação ao mesmo período do ano anterior, apesar do aumento do nível de ocupação. A Fecomércio-RS recomenda uma pesquisa de preços, afinal em tempos de inflação as diferenças entre um estabelecimento e outro podem ser significativas. Além disso, o público pode diversificar a cesta do coelhinho adicionando itens como ovos pequenos, e principalmente com barras e bombons, que costumam ter um valor menor do que os ovos tradicionais pela mesma quantidade de chocolate. Quem não abre mão dos ovos recheados com doces ou brinquedos deve se preparar com antecedência: em um cenário de produção retraída, as opções podem ficar mais escassas à medida que a data se aproxima.
Para atrair um consumidor que está lentamente retomando o ânimo para as compras após dois anos atípicos, como demonstra o último ICF-RS (Intenção de Consumo das Famílias) que apontou um nível 32,8% mais alto do que no mesmo período do ano anterior, a entidade recomenda que os lojistas apostem em sua presença digital, preparem os times para o atendimento, pesquisem tendências, criem combos e facilitem as condições de pagamento, sem que isso prejudique o seu próprio fluxo de caixa.
A Fecomércio-RS ainda lembra que a Páscoa não é uma oportunidade apenas para quem vende chocolates: a data eleva a procura por outros itens alimentícios, como peixes, e por viagens, o que pode representar uma oportunidade para destinos turísticos gaúchos.