O professor, apontado como proeminência da esquerda, festejado no Largo da Batata, Vila Madalena e adjacências, declinou da unanimidade como candidato natural do PT à prefeitura de São Paulo. E nenhum companheiro o acusou de covardia ou estrelismo, tamanha a certeza universal de que seria destroçado em qualquer segundo turno.
Mas o ex-prefeito poderia ter a elegância ou desprendimento de dar a cara à tapa na campanha de Jilmar Tatto (lembram dele?). Que deselegante. Nem santinho dos dois juntos foi visto por aí – ou sequer um abração sincero, daqueles que a companheirada se dava na década de 90. Significa.
O nível do engajamento a que Haddad está disposto a assumir se resume a posts como o desta terça (1), sobre a ida de Sergio Moro para a iniciativa privada, defender interesses de um influente escritório de advocacia com clientes supostamente pouco patrióticos – segundo, no caso específico, da insuspeita Lava Jato:
Haddad tem se dedicado a fazer comentário debochados e irônicos no Twitter
Reprodução Twitter
Não é um deboche? Certamente, nada que se espere de um estadista. Está mais para alguém que esteja se candidatando à vaga de algum blogueirinho descolado. E usar o termo “golpe”, logo essa palavra que o então candidato à presidência considerou “muito dura”?
Já disse, repito: Haddad é um tucano que deu certo. Um equívoco de trajetória, mas que merece alguma simpatia. Ou piedade, tamanho o encolhimento do personagem. Nunca é tarde. O PT levou uma surra, só burocratas do partido negam. O PSDB também levou um belo chega pra lá Brasil afora.
Por que o inoperante professor e ex-prefeito não admite a hipótese de respirar novos ares, mais liberais no sentido europeu, menos radicais no sentido Boulos?
Difícil alguém achar que Fernando Haddad é um cara do mal. Boa gente, mas incapaz de dizer que se meteu numa fria, da qual é difícil sair sem parecer ingrato.
O fato é que o PT diminuiu muito em três anos. Nem Haddad cabe mais nele.