Conhecida como protetora dos olhos, Santa Luzia é comemorada neste domingo (13), com demontrações de fé, em Salvador. A igreja de devoção à santa italiana, localizada no bairro do Comércio, sedia missas durante todo o dia. A celebração integra o calendário de festas populares da Bahia que, mesmo durante a pandemia da Covid-19, são realizadas de modo especial, com acesso limitado do público, a fim de respeitar protocolos de biossegurança.
Além das missas, o público comparece à Igreja de Nossa Senhora do Pilar e de Santa Luzia buscando a água da fonte localizada na lateral do templo e tem a fama de milagrosa. Com vasos na mão, fiéis buscavam a água, usada para banhar rosto e olhos na busca pelo restabelecendo da boa visão.
Mas os devotos que ali comparecem também pedem a recuperação de outras doenças. Uma delas é Maria de Lourdes Nascimento. De joelhos, diante da imagem de Santa Luzia, ela pedia a intercessão para a cura do câncer de mama. “Fiz duas cirurgias esse ano. Vim agradecer pela minha vida e pedir a curra desta doença, pois tenho fé. Já fiz minha promessa”, contou a idosa.
Durante uma das missasdesta manhã, o padre Renato Minho, responsável pela comunidade, pediu ao secretário de Turismo da Bahia, Fausto Franco, presente no local, a inclusão da igreja no Projeto de Resgate dos Sinos. Idealizado por Franco, o projeto já contemplou sete igrejas com a requalificação do objeto litúrgico, dentre elas, as igrejas da Ajuda, de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos e de Santo Antônio da Barra, em Salvador e a de São João Batista, em Trancoso (Porto Seguro).
“Buscamos parceiros na iniciativa privada para financiar a restauração e automatização dos sinos das igrejas da Bahia. Desta forma, contribuímos para o resgate da tradição do soar dos sinos no dia a dia e em horas especiais, como festas religiosas. Tradição esta capaz de encantar baianos e turistas em visita ao nosso estado”, explica o gestor do Turismo.
História – Perseguida pelo império romano por se declarar fé cristã, Santa Luzia jovem teria sido torturada por carrascos, que arrancaram seus olhos, morrendo após decaptação. O historiador e assessor especial da Secretaria de Turismo da Bahia, Rafael Dantas, explicou a tradição da festa na capital baiana.
“A tradição é um elo entre o imaterial, presente na fé e nos festejos, e o material presente na igreja e na fonte. No passado a região do Pilar era uma das mais movimentadas na Cidade Baixa, local estratégico na entre o Comércio, Cidade Alta e os caminhos para São Joaquim, com sua feira, e a Calçada”, lembra Dantas.
O traçado imponente da Igreja de Nossa Senhora do Pilar e de Santa Luzia data do século XVIII, mesmo período da construção e ampliação de outras tantas igrejas baianas. Sua fachada segue o traçado rococó e os altares, neoclássico. Destaca-se ao lado, o cemitério também em estilo neoclássico, com um belo frontão triangular do final do XVIII.