Policiais militares em serviço mataram 59 pessoas em fevereiro deste ano após supostamente as vítimas resistirem à abordagem policial. É o quarto mês seguido de crescimento e o maior número para fevereiro desde 2003, quando houve 61 mortes.
O número foi obtido pelo R7 com base nos dados divulgados no Diário Oficial do Estado. As informações referentes ao mês de fevereiro de 2018 foram publicadas na última sexta-feira (30).
Segundo a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo), o aumento acontece devido à “mudança no perfil do criminoso”.
A pasta afirma que “hoje as quadrilhas estão fortemente armadas” e destaca que, “nos últimos cinco anos, cerca de 60% dos confrontos ocorreram com criminosos armados, que colocam a vida do cidadão em risco”.
Desde fevereiro de 2013, quando houve 21 casos registrados como “morte decorrente de oposição à intervenção policial”, o número de mortos em supostas resistências cresce ano após ano. No segundo mês do ano passado, 55 pessoas morreram após supostos confrontos com PMs em serviço.
Para o coronel da Polícia Militar paulista Adilson Paes de Souza, o crescimento do número de vítimas “evidencia cada vez mais que a política de segurança no Estado de São Paulo é a política do confronto, e o padrão de eficiência da atuação policial é medida pela letalidade policial”.
O número de pessoas mortas em supostos confrontos com policiais militares de folga recuou de 15, em fevereiro do ano passado, para 12 no segundo mês deste ano. Antes disso, entre 2009 e 2014, não houve nenhum registro de pessoas mortas em supostas resistências com PMs fora de serviço.
Com as informações sobre fevereiro de 2018 divulgadas, o número de mortos pela PM paulista em serviço ou folga após supostamente resistirem à abordagem policial nos dois primeiros meses do ano chega a 140 pessoas.
Em fevereiro, também foi registrada a morte de um policial militar em serviço depois de suposto confronto com criminosos. No segundo mês do ano passado, não teve nenhuma morte registrada nessas ocasiões.
O número de PMs vítimas fora de serviço durante supostos casos de resistência em fevereiro deste ano foi o mesmo que o de fevereiro do ano passado: três mortes.
Em nota, a SSP-SP afirmou que “desenvolve ações para redução da letalidade policial” e que as ocorrências são “acompanhadas, monitoradas e analisadas para constatar se a ação policial foi realmente legítima”.
Leia o posicionamento da pasta na íntegra
“A SSP (Secretaria da Segurança Pública) informa que, nos últimos cinco anos, cerca de 60% dos confrontos ocorreram com criminosos armados, que colocam a vida do cidadão em risco.
Em 2017, o índice de suspeitos que morreram após confrontarem a polícia foi de 18%. Houve uma mudança no perfil do criminoso, hoje as quadrilhas estão fortemente armadas. Em 2013, que foi o ano com o menor número de bandidos mortos, foram apreendidos 10 fuzis e 26 explosivos. Já no ano passado, foram apreendidos 25 fuzis e 188 explosivos.
Em fevereiro deste ano houve a apreensão de 22 explosivos, o que corresponde a 12% do total de apreensões em confrontos. Ainda no mesmo mês tiveram cinco ocorrências com reféns, onde em três houve a morte do criminoso.
A SSP desenvolve ações para redução da letalidade policial. Toda a ocorrência é acompanhada, monitorada e analisada para constatar se a ação policial foi realmente legítima.
Para dar maior qualidade às investigações que envolvem agentes de segurança, foi implementada a Resolução SSP 40/2015, que exige o comparecimento da Corregedoria, do comando local e de uma equipe de perícia específica [no local do crime], além do acionamento do MP. Todos os casos de mortes decorrentes de oposição à intervenção policial (MDOIP) são investigados por meio de inquérito e só são arquivados após minuciosa investigação, seguida da ratificação do MP e do Judiciário.”
R7