A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) divulgou, hoje (29), o Guia de Orientações para a Retomada Segura das Atividades Industriais, de forma a permitir que as empresas retomem as atividades em um ambiente de segurança para os trabalhadores, durante a pandemia do novo coronavírus (covid-19).
O presidente da Firjan, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, ressaltou que nessa retomada em primeiro lugar vem a pessoa. “Nós nunca iríamos induzir o trabalhador a entrar em risco”.
Gouvêa Vieira lembrou que a economia está parada há mais de dois meses, e o setor público não tem mais recursos para atender aos necessitados porque “acabou a arrecadação”.
Segundo ele, o Brasil, diferentemente dos países europeus, que são nações ricas e com maior fôlego para ir adiante, “tem que descobrir um caminho para seguir em frente, protegendo a pessoa e, ao mesmo tempo, proporcionando renda”.
Gouvêa Vieira disse que já há movimentos do setor público se preparando para a retomada das atividades. Citou o caso do município do Rio de Janeiro, onde o prefeito Marcelo Crivella apresentou hoje (29) alguns parâmetros para a retomada do trabalho. “Mas, no nosso caso, é dentro das fábricas”, disse o presidente da Firjan.
O guia abrange diversos segmentos industriais, cada um com suas particularidades, e todos obedecem aos parâmetros estabelecidos pelas autoridades sanitárias do Brasil, bem como às regras da Organização Mundial da Saúde (OMS). “De tal forma que o empresário possa ter uma orientação sobre como ajustar seus trabalhadores nessa crise horrorosa”.
Produtividade
O processo de produção e produtividade não vai ser retomado do dia para a noite, disse Gouvêa Vieira. “Mas é necessário se começar. A nossa obrigação é orientar os empresários, preocupados com seus trabalhadores”.
De acordo com o presidente da Firjan, todos as atividades da indústria foram prejudicadas pela crise da covid-19, entre os quais os setores metalmecânico, de confecções, da construção civil. “Não tem renda. Nós precisamos que a máquina comece a funcionar para que a renda apareça e as pessoas possam voltar a comprar dentro das suas necessidades, nesses diversos setores”.
O empresário disse que o drama maior é vivido pelas pequenas empresas, que não têm a capacidade de reflexão das grandes companhias nem, muito menos, conhecimentos no exterior que facilitem a permanência em atividade. “O foco são as pequenas e micro empresas”, disse Gouvêa Vieira.
Guia
O guia faz parte do Programa Resiliência Produtiva Firjan e é dividido em dez tópicos, com informações práticas para os empresários. O documento sugere que as empresas observem diretrizes essenciais, que levam em conta três eixos. O primeiro diz respeito à adequação no ambiente de trabalho, abrangendo desinfecção e limpeza; sinalização e adequação de layouts em ambientes de uso coletivo para manter o distanciamento; medidas administrativas; comunicação, treinamento e orientações.
O segundo eixo envolve novas rotinas de trabalho em tempos da covid-19, orientando sobre uso de máscara ou outro tipo de proteção facial; higienização pessoal; alterações emocionais e saúde mental; e mudança do horário dos turnos ou redução de jornada, para atender às necessidades de distanciamento social.
O terceiro eixo trata do ciclo de cuidado com as pessoas e orienta sobre imunização dos trabalhadores para outras doenças como sarampo e influenza; monitoramento da saúde dos trabalhadores assintomáticos; manejo para identificação de casos suspeitos; acompanhamento do retorno ao trabalho de infectados recuperados; e exames diagnósticos.
Novas rotinas
Para o gerente institucional de Saúde e Segurança do Trabalho na Firjan, José Luiz Pedro de Barros, o retorno à atividade “não será uma volta a tudo como era antes, pois as empresas terão que conviver com novos procedimentos e rotinas de trabalho”.
Ele disse que cada empresa vai avaliar as medidas que vai adotar, dentro da sua realidade. “O guia traz várias sugestões e orientações para que a empresa alcance as diretrizes”.
O guia lançado pela Firjan salienta os cuidados em relação aos trabalhadores pertencentes ao grupo de risco, que engloba os maiores de 60 anos de idade ou com comorbidades, e indica que sejam evitados contatos muito próximos, como abraços, beijos e apertos de mão. Há ainda medidas para garantir o isolamento social, incluindo possibilidades de adequação de turnos.
As orientações são divididas pelos setores de alimentos e bebidas; construção civil; óleo e gás; construção naval; metalmecânico; papel, gráfica e editorial; confecção, têxtil e moda; extração mineral; audiovisual; entre outros.
O guia está disponível no site da Firjan.
Agência Brasil