A necessidade de produzir alimentos livres de veneno, com a valorização da vida, da diversidade, do respeito à cultura e ao território dos povos tradicionais, foi pauta da mesa redonda “Agrotóxicos e agroecologia: uma história de conflitos”, na Tenda de Convergências Agroecológicas, no 13° Fórum Social Mundial, nesta sexta-feira (16), em Salvador. O evento na Universidade Federal da Bahia foi coordenado pelo presidente da Frente Parlamentar Ambientalista, deputado Marcelino Galo (PT), que destacou a importância de fomentar e garantir políticas públicas para transição agroecológica.
“É fundamental que tenhamos um modelo de produção sustentável, que respeite nossos recursos naturais, a capacidade da natureza se regenerar e também o ser humano, o território das comunidades tradicionais. O uso indiscriminado de agrotóxicos, especialmente no Brasil, tornou-se um problema de saúde pública, com graves danos a vida dos pequenos produtores e também dos consumidores. De modo que é fundamental garantir o apoio, através de políticas públicas, à produção agroecológica, porque o acesso a uma alimentação saudável não pode ficar restrito a quem tem dinheiro. É preciso garantir alimentos livres de veneno para toda população”, enfatizou Galo, autor do projeto de Lei que institui a Política Estadual de Agroecologia e Produção Orgânica. “É importante também perceber a relação entre o uso indiscriminado de agrotóxicos e o crescimento dos conflitos fundiários, provocados pela ação do grande latifúndio e da chamada “Revolução Verde” em nosso país que aumentou a concentração de terras e a desigualdade rural, criou a dependência de sementes modificadas e exterminou a cultura tradicional dos pequenos produtores”, ressaltou. “Todos os estudos mostram que temos reduzidos os territórios das comunidades tradicionais, indígenas, quilombolas, de fundo e fecho de pasto”, ressaltou a promotora de Justiça e coordenadora do Fórum Baiano de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos, Luciana Khoury.
Médica Sanitarista e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz, Lia Giraldo chamou a atenção do público para o que chama de “invibilização” dos impactos causados pelos agrotóxicos na saúde do homem. “Nós não temos dúvidas de que o agrotóxicos afetam a saúde humana e o meio ambiente, afetando a própria agricultura. Nós temos populações expostas aos agrotóxicos, não só a rural, que sofrem intoxicações agudas e crônicas. Há uma completa invizibilização dos efeitos dos agrotóxicos na saúde humana em função das intoxicações crônicas”, afirmou. “Na questão ambiental está sendo bastante evidenciado o desaparecimento das abelhas, o que representa um problema até catastrófico para agricultura”, observou a pesquisadora.
Também participaram do debate os reitores das Universidades Federal da Bahia, João Carlos Salles, e Estadual de Feira de Santana (UEFS), Evandro Nascimento, a coordenadora do Fórum Baiano da Agricultura Familiar, Elisângela Araújo, o pesquisador sobre a agroecologia, agrotóxicos e saúde ambiental, Vicente Almeida, o professor da Universidade Estadual de Goiás, Murilo de Souza, o coordenador Nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Marcelo Leal, entre outros.