Quando o assunto é alimentação, a busca por uma vida saudável tem levado cada vez mais pessoas a optarem pelos produtos orgânicos. Uma pesquisa recente do Organis (Conselho Brasileiro de Produção Orgânica e Sustentável) mostra que 64% dos brasileiros que só compram esses alimentos citam a saúde como principal motivação. A bibliotecária Luciana Pereira, que tem 55 anos e mora na cidade de São Paulo, é um exemplo.
— Compramos só orgânicos aqui em casa há aproximadamente quatro meses. Não é possível chegar no supermercado, ver um pimentão do tamanho de um melão e achar que é normal. Mudamos de hábito depois de ir a uma nutricionista rever o cardápio da família, já que minha filha e meu marido apresentam intolerância a alguns alimentos.
De acordo com Tania Rodrigues, nutricionista da Asbran (Associação Brasileira de Nutrição), os orgânicos realmente fazem bem à saúde — não porque oferecem mais nutrientes e vitaminas que as hortaliças convencionais, mas porque não concentram resíduos de produtos químicos comumente utilizados na agricultura.
— O alimento não-orgânico também tem nutrientes que, para a saúde do ser humano, são suficientes. Entretanto, quando se analisa o cuidado com o solo que existe na produção de orgânicos, o cultivo que leva em consideração o tempo certo para o plantio e a colheita, os orgânicos são, sim, mais saudáveis — especialmente porque não existem os riscos de o consumidor ingerir índices muito aumentados de produtos químicos.
A nutricionista da Asbran dá ainda outras dicas que podem ajudar na hora de comprar os produtos orgânicos: “É importante observar a aparência das frutas, verduras e hortaliças já que, por não conterem agrotóxicos ou algum aditivo químico que as conserve, elas vão se deteriorar mais rapidamente. Não vale a pena, por exemplo, comprar o alimento muito maduro ou com partes moles e escurecidas, porque ele vai durar muito menos”, aconselha.
Cuidado com as cascas
Quando, por opções de preço ou disponibilidade, o consumidor só tiver condições de comprar produtos não-orgânicos, a recomendação da especialista é lavar os vegetais com água potável e retirar suas cascas, já que é nelas que ficam os resíduos de produtos químicos. Antonio Bliska Júnior, pesquisador e doutor em Engenharia Agrícola pela Feagri (Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade Estadual de Campinas), indica que a etapa da lavagem vale também para os orgânicos.
— Deve-se retirar larvas, insetos e outros resíduos biológicos que também podem causar danos à saúde. Além disso, mesmo a água usada no processo de produção e no pós-colheita dos vegetais, juntamente com as caixas e embalagens de transporte, podem ser fontes de contaminação dos alimentos até sua chegada na mesa do consumidor.
Em todos os casos, os especialistas recomendam que se observe ainda a tabela da safra das frutas e hortaliças — que mostra o período correto de colheita de cada uma das espécies: “Em relação aos não-orgânicos, há uma maior oferta de produtos vendidos fora de sua época. O ideal é comprar sempre o que é da safra. Aquele alimento colhido fora de época provavelmente envolveu um plantio com cuidados mais químicos”, pondera a nutricionista da Asbran.
R7