A empregabilidade e o empreendedorismo da paciente com câncer constituem as principais pautas da Fundação Laço Rosa este ano durante o Outubro Rosa, mês dedicado à prevenção e ao combate ao câncer de mama. Os temas motivaram o mais recente projeto da entidade, a plataforma “Contratada”.
Em entrevista concedida hoje (2) à Agência Brasil, a presidente da Fundação Laço Rosa, Marcelle Medeiros, disse que a plataforma nasceu depois que a paciente oncológica, Nathalie Araújo sofreu uma dispensa considerada discriminatória. Pesquisando sobre o caso, a Fundação “começou a entender que várias outras pessoas sofriam a mesma coisa que Nathalie. Nós fomos estudar para ver como podíamos solucionar o problema e descobrimos um Projeto de Lei (PL8057/2017) que ainda está em tramitação, para garantir a estabilidade do paciente oncológico”.
Com isso, Marcelle resolveu criar uma plataforma de empreendedorismo, que ensina as mulheres que não conseguem se reinserir no mercado após sofrerem um câncer como podem empreender para gerar renda. A plataforma se destina também a fazer divulgação de vagas em empresas para divulgação de pacientes de câncer.
Abertura oficial
A Fundação Laço Rosa abriu oficialmente o Outubro Rosa nesta quarta-feira, com iluminação especial do Cristo Redentor. A proposta da campanha este ano é reafirmar a importância de se mudar a legislação brasileira, que hoje não garante estabilidade de emprego para pacientes com câncer. As embaixadoras da campanha deste ano são a atriz Flávia Alessandra e sua filha, Giulia Costa, que marcam a primeira vez que uma dupla de mãe e filha adere à campanha da Fundação Laço Rosa.
A “Contratada” é a primeira plataforma brasileira de empreendedorismo e emprego para mulheres que passaram pelo câncer de mama. Marcelle Medeiros defendeu que o paciente oncológico precisa ter o amparo legal de, pelo menos, um ano de estabilidade depois que retorna ao seu trabalho. “Porque, na prática, o que acontece é que, depois que retorna, na primeira oportunidade de ir ao médico, ele é demitido”.
Marcelle destaca que os problemas já começam na seleção de funcionários. “No processo seletivo das empresas, quando é identificado que é uma paciente que teve câncer de mama, a vaga desaparece ou foi preenchida por outra pessoa. Elas não evoluem para as próximas etapas e o que ninguém fala é que todos esses pacientes que passam pelo câncer de mama desenvolvem ‘top skills’ (habilidades) que as empresas deveriam valorizar muito. Porque uma empresa busca um profissional que tenha comprometimento, resiliência, paciência. E isso você não aprende em escola; aprende na vida”.
Educação das empresas
Um dos pilares da plataforma “Contratada” é a educação das empresas. “Muitas companhias não sabem que podem contratar ex-pacientes de câncer como PCDs (pessoas com deficiência), não sabem que tem gente fazendo dispensa discriminatória, não tem política de apoio ao paciente oncológico. Então, é toda uma mudança que a gente precisa trabalhar”.
Durante todo o mês de outubro, empresas parceiras da Fundação, detentoras do selo “Amigo Rosa”, apresentarão produtos especiais para o Outubro Rosa 2019 com renda revertida à instituição.
Criada em 2011, a Fundação Laço Rosa é atualmente referência no Brasil e no exterior na articulação de políticas públicas e programas de conscientização e apoio relacionados à causa do câncer de mama. A entidade sem fins lucrativos desenvolve vários projetos, entre os quais o pioneiro Banco de Perucas Online, que faz doação gratuita de perucas pela internet para pacientes em quimioterapia e que já atendeu mais de 6 mil famílias; o programa Força na Peruca, de qualificação profissional em perucaria, pioneiro no país, que já visitou seis cidades brasileiras formando mais de 200 alunos; o Aconchego, programa de leitura de cartas em centros de quimioterapia; e o Fio a Fio, curso de moda e estilo.
Alerj
Em apoio à causa, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) também recebe iluminação cor-de-rosa em outubro. Além da iluminação especial, a Alerj promove durante todo o mês a “Campanha Solidariedade + que Rosa”, para receber doações de lenços, toucas e perucas no ‘hall’ de entrada do Palácio Tiradentes, no horário das 10h às 17h. O material arrecadado será entregue a instituições sem fins lucrativos que atuam com mulheres em tratamento de câncer.
Agência Brasil