O crescimento econômico do PSG (Paris Saint-Germain) nos últimos anos vai muito além do futebol. O clube se tornou um dos polos de investimento de um país, o Qatar, que busca uma plataforma de negócios que expanda a imagem catari e seu mercado no mundo inteiro.
Comandado pelo xeque Tamim bin Hamad Al-Thani, o país possui a terceira maior reserva de gás natural do mundo e, membro da OPEP, está no 14º lugar no ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial.
Com o objetivo de se modernizar, o país vem diversificando investimentos em áreas estratégicas de nações como a Rússia (petróleo), Reino Unido (gás), França (aviação) e, entre outros, o futebol, que, do ponto de vista econômico, é um dos menos relevantes neste cenário.
Para operar todos os negócios, o governo criou a QIA (Qatar Investment Authority), que tem como um dos braços o QSI (Qatar Sports Investment), este comandado pelo também presidente do PSG (controlado pelo QSI), Nasser Al-Khelaifi.
Como funcionário de um governo, cujo fundo criado (QIA) possui cerca de US$ 335 bilhões em ativos, nem é ele, Al-Khelaifi, portanto, que irá definir o futuro de Neymar, mas sim o governo, ou melhor, um império financeiro.
E é aí que entra, segundo uma fonte ouvida pelo R7, conhecedora de detalhes sobre a gestão do PSG, o maior interesse do Qatar no futebol: a imagem, do ponto de vista político.
“A questão dos 222 milhões de euros é o que menos importa neste momento para as autoridades do país. Eles perderão muito mais, bilhões, se a imagem deles ficar desgastada diante da opinião pública. E para que isso não aconteça, precisam agir com rigor no caso do Neymar. Deverão endurecer, é esta a tendência, para mostrar seriedade, caso contrário podem ter todos os outros investimentos desvalorizados. Neste sentido, eles podem até liberar Neymar em algum momento, mas deverão mantê-lo até pelo menos o fim do ano”
No momento em que, segundo consta, Neymar decidiu deixar o clube (há pelo menos seis meses, segundo a fonte), ele parecia não ter ideia de toda a rede que dá suporte à gestão do PSG. Deixou a impressão que imaginava estar lidando com boleiros, que cedem à primeira pressão feita pelos ídolos do time.
O PSG, neste sentido, está cumprindo duas funções para os investidores. Uma é a econômica. Dentro do futebol, o QSI tem o controle até das transmissões dos jogos do futebol francês, por meio do canal esportivo BeIN.
Isso, no entanto, representa uma parcela menor em todo o projeto econômico, se forem levados em conta investimentos em petróleo, gás natural e infraestrutura de vários países.
O lado político deste investimento no futebol é o que mais conta. Inclusive para dar retorno financeiro, em um momento em que o xadrez do Oriente Médio está instável.
Como se sabe, em junho de 2017, o Qatar teve cortadas as relações diplomáticas com Arábia Saudita e outros países do Conselho de Cooperação do Golfo, sendo acusado de financiamento de grupos terroristas e promoção da instabilidade da região.
Coincidência ou não, Neymar foi contratado em agosto de 2017, dentro do contexto de promover a próxima Copa do Mundo no Qatar e ajudar a fazer uma propaganda positiva do país. Se ele sair no momento que quiser, estaria ajudando a arranhar a imagem de todo um projeto econômico. Tom Jobim já dizia que o Brasil não é para principiantes. Tampouco o Qatar.
R7