O cantor e compositor Gabriel Peri decidiu se atentar à sua percepção e transformá-la nas músicas que integram o repertório de seu álbum de estreia “Terra”, que chega hoje às plataformas de música, pela gravadora Deck em parceria com o selo Art Intel Music. “A única certeza que eu tinha sobre lançar um disco era de que deveria saber o que estava falando, e que tinha que fazê-lo bem feito”, comenta Gabriel. Decidido a eternizar sua arte em um disco que transmitisse Força e Coragem — assim mesmo, em maiúsculas — o paulista começou a juntar as peças de um quebra-cabeça que forma o seu todo. De Elza Soares a Liniker, passando por Itamar Assumpção e Moacir Santos, o cantor e compositor começou a dar vida às suas canções e, no meio do caminho, conheceu o produtor Peter Mesquita, que assumiu a produção do trabalho. “Quando conheci o Peter,ele também estava debruçado sobre uma pesquisa de ritmos do brasileiros e estrangeiros. Foi o casamento perfeito entre a música que eu trazia e a mão musical dele. O resultado é um disco polirrítmico — ora jazz, ora batuque, ora rock. É um disco político, romântico, religioso. Acima de tudo, é um disco que eu me orgulho de ter feito”, explica.
O repertório não foi escolhido aleatoriamente, e, sob comando de Peter, Peri transformou suas ideias em som. A dupla passou um ano imersa no trabalho de pré-produção e arranjos e o resultado do trabalho foi um disco conciso e equilibrado, buscando referências clássicas da MPB mas também trazendo o frescor da nova geração de músicos brasileiros. O primeiro single lançado foi “Visitante” com andamento lento, guitarras com reverb e tremolo e uso criativo de percussões. A canção “é fruto de experiências e inspirações artísticas que acumulei ao longo da vida”, no que define Gabriel, que também toca sintetizadores na faixa. João Lenhari, Jorginho Neto e Zafe Costa compõem o naipe de metais que enriquece a trilha ao passo que os instrumentos de cordas ficaram por conta de Peter Mesquita e a bateria por Gabriel Alterio. No vídeo, dirigido por Beto Whyte e com direção de arte por Frederico Marcondes , Gabriel aparece preso dentro de uma moldura de quadro, numa referência à ideia, abordada na letra, de escapar das sensações provocadas por partidas inesperadas.
Em seguida, tratou de entregar aos fãs “Tanto Fiz”, onde, em contrapartida, opta pela simplicidade de uma gravação minimalista. O clipe, dirigido por ele próprio, reuniu diferentes registros em vídeo de viagens a Cubatão (sua cidade natal), Rio de Janeiro e a mística São Tomé das Letras, em Minas Gerais. Com fotografia ao estilo das clássicas câmeras Super 8, o vídeo tornou-se uma espécie de diário de viagem, relatando paisagens, experiências e pessoas.
Buscando se conectar àqueles que fazem parte da sua vivência e inspiração, Gabriel também convidou outros músicos para participar de “Terra”. Um dos destaques é Luedji Luna, que ganhou notoriedade com seu álbum “Um Corpo No Mundo” e divide os vocais com Peri em “A Dança”. Além disso, o ex-Rancore Teco Martins completa um dueto no single “Samba do Dia Inteiro”, que fecha o repertório e cujo clipe traz apuradas performances, realçando o tom sincrético de seus versos. Completando o trio de convidados, há também Nina Oliveira cantando em “Menina Preta”. “Eu tenho um orgulho imenso de ter contracenado com esses três artistas incríveis. O áudio que chega ao ouvinte é uma ponta acessível de encontros incríveis com trocas incríveis”, pontua o jovem artista, que gosta de se definir pelos versos de Caetano em “Tudo de Novo”: “Minha mãe me deu ao mundo/De maneira singular/Me dizendo a sentença/Pra eu sempre pedir licença/Mas nunca deixar de entrar”.
Ciente que o artista é um produto do seu meio, Peri não passou incólume pela pandemia de covid-19, que mudou o modo como vemos as mais diversas coisas. Todavia, ele destaca que os acontecidos só reforçam os ideais de respeito e amor ao próximo presentes em suas letras. Inquieto, Gabriel Peri ainda lançará o manifesto “Terra”, sintetizando em imagem e narrativa o contexto no qual se inspirou para criar suas canções, de forma poética e introspectiva. Além disso, antes mesmo de curtir seu primeiro trabalho, ele já olha para frente e segue criando sem parar e experimentando coisas novas. “O novo sempre vem”, profetiza.