Principal competição náutica da América Latina, a Semana Internacional de Vela de Ilhabela (SP) teve que ser adaptada na edição deste ano, devido à pandemia do novo coronavírus (covid-19). O jeito foi competir virtualmente, por meio do aplicativo “Virtual Regatta”. O gaúcho Phillipp Grochtmann levou a melhor na regata final, disputada em um percurso que simulava a raia olímpica do Rio de Janeiro.
“Como o offshore [barco de vela oceânica usado em regatas mais curtas] dificulta a ultrapassagem, eu sabia que se montasse na frente na largada, fazendo um bom contravento, seria difícil de ser ultrapassado. Acabou que a estratégia deu certo”, explica Grochtmann à Agência Brasil.
O evento online reuniu 76 participantes, que competiram em 20 regatas virtuais. Os percursos simulavam os de cidades como Auckland (Nova Zelândia), Mallorca (Espanha), Marselha (França) – esta última sediará as provas de vela da Olimpíada de Paris, em 2024. Para Grochtmann, já serviu para dar um “gostinho” dos Jogos. O velejador disputará vaga para representar o Brasil na capital francesa em 2024, na classe laser, a mesma em que Robert Scheidt se sagrou bicampeão olímpico em 1996 e 2004.
“É um barco bem típico da vela do Brasil. Fiquei em segundo no Brasileiro [de laser] do ano passado e terceiro no deste ano. Meu planejamento é treinar bastante para a Copa Brasil e conseguir disputar alguns campeonatos internacionais para conseguir ritmo de regata”, diz o gaúcho.
Se Grochtmann já era veterano na Semana de Vela “presencial”, participando em duas embarcações diferentes, o mesmo não se pode dizer do vice-campeão da disputa online. Lucas Rocha Dantas, de apenas 15 anos, nunca havia competido em Ilhabela, mas brigou até o fim pelo título virtual. O garoto de Brasília, que veleja desde os 11 anos, foi o melhor da fase qualificatória, ficando em segundo na regata decisiva.
“Comecei na vela online por causa da proibição dos treinos e regatas no Distrito Federal, por causa da pandemia, e pelo meu gosto por tecnologia. Na regata final [da Semana de Vela], o Phillipp abriu distância e vi que seria difícil alcançar, então, passei a me preocupar com quem estava atrás. Foi bem divertido e pretendo continuar jogando”, conta Dantas.
O detalhe é que o jovem teve como um dos principais adversários no evento o próprio técnico de vela – real e virtual -, Allan Godoy, com quem brigou pela liderança na primeira fase. “Infelizmente, na final, queimei a largada. Tive que voltar e não consegui me recuperar. Mas, estou contente com o resultado e com meu pupilo”, afirma o velejador do Iate Clube de Brasília, oitavo na regata decisiva.
A disputa virtual, que foi extraordinária em função da pandemia, deverá ser incluída na programação da Semana de Ilhabela no ano que vem. “Certeza que a vela online veio pra ficar e será uma classe nova na edição 48, seja via Virtual Regatta ou Virtual Skipper [outro game de vela]”, garante o organizador do evento, Mauro Dottori.
Agência Brasil