Depois de uma semana da nova temporada da NBA, o Golden State Warriors, que passou a ser chamado de dinasta por ter chegado às últimas 5 finais da liga e vencido 3 delas, se vê cercado de dúvidas.
Em três jogos disputados até agora, foram duas derrotas -por 19 pontos contra o Los Angeles Clippers e 28 diante do Oklahoma City Thunder- e uma vitória sobre o New Orleans Pelicans, por 134 a 123.
Lesões e trocas no elenco repaginaram a equipe. Kevin Durant, escolhido por duas vezes o melhor jogador das finais, saiu para o Brooklyn Nets. Peças importantes da rotação, como Shaun Livingston, que se aposentou, e Andre Iguodala, trocado, não pertencem mais ao time.
Klay Thompson, um dos melhores arremessadores da liga, está fora por tempo indeterminado após lesão no joelho.
Somente seis jogadores da última temporada, que acabou com o vice após derrota para o Toronto Raptors, continuam no elenco: Stephen Curry, Draymond Green, Klay Thompson, Damion Lee, Kevon Looney e Jacob Evans.
No jogo contra o Clippers, uma formação composta essencialmente por Green, Curry e novatos se mostrou errática.
Na partida contra Oklahoma, o aproveitamento das bolas de 3 pontos, grande força da trajetória vitoriosa do time, foi de 15% -só 5 convertidas em 33 tentativas.
Logo depois dessa partida, Green foi sincero: “A realidade é que nós somos horríveis neste momento. Não conheço outra forma melhor de dizer”.
Contra os Pelicans, na segunda (28), a equipe trouxe lembranças dos tempos de domínio. Além da vitória em Nova Orleans, acertou 14 bolas de 3 pontos e defendeu consideravelmente melhor.
Mais da metade dos pontos vieram das mãos de Glenn Robinson III (12), Jordan Poole (13), D’Angelo Russell (24) e Damion Lee, com 23 pontos e 11 rebotes. Lee é cunhado de Curry e está em sua segunda temporada com a equipe.
Na saída aliviada do ginásio, Curry estava saltitante ao lado de Russell, comemorando a primeira vitória.
Green, agora em tom bem mais otimista, exaltou o coletivo: “Antes nós não competimos em nível de NBA, então os caras ficaram cansados disso e trouxeram a vontade de ganhar para a quadra. É um passo na nossa nova direção. Nós só vamos melhorar”, afirmou.
O CEO Joe Lacob, o gerente-geral Bob Myers e o técnico Steve Kerr têm experiência em transformar jovens em atletas de elite.
A construção da dinastia começou dez anos atrás. No draft de 2009, Curry foi selecionado na sétima posição para jogar ao lado da então maior estrela do time, Monta Ellis. Em 2011 chegou o novato Klay Thompson, criando a dupla conhecida como “Splash Brothers”. Ellis acabou trocado para o Milwaukee Bucks, o que deu mais protagonismo para os jovens.
No ano seguinte, a força defensiva da equipe veio na figura de Green, selecionado sem muito barulho, na 35ª posição do draft.
Em 2013, os Warriors foram aos playoffs pela primeira vez desde 1994, perdendo para o San Antonio Spurs nas semifinais de conferência e adicionando na sequência o já veterano Iguodala.
Com a contratação do técnico Steve Kerr, em 2014, a franquia da Califórnia revolucionou a NBA moderna com o jogo veloz e repleto de bolas de três, chamado de “smallball”.
Após seis anos de reconstrução, o GSW conquistou seu primeiro título desde a década de 1970. Depois disso, atraiu um dos melhores jogadores da NBA, Kevin Durant, vindo do Oklahoma e formando o elenco mais temido da liga.
Agora, Kerr tem novamente um elenco novo em formação. Se na temporada passada a média de idade era de 28,2 anos, nessa caiu para 24,3 anos, a quinta mais jovem da NBA.
Na noite de estreia da nova formação, na última quinta (24), Curry chegou ao novo ginásio, o Chase Center, em San Francisco, usando uma camiseta em memória à Oracle Arena, palco em Oakland onde os protagonistas da equipe azul e dourada brilharam e se consolidaram.
Na nova arena, a 26 km da antiga casa, a torcida espera ter motivos para continuar vibrando.
A contratação mais expressiva para esta temporada foi a do armador D’Angelo Russel. Aos 23 anos, ele foi um dos jogadores que mais evoluíram na última, quando defendia o Brooklyn Nets, com média de 21 pontos e 37% de aproveitamento da linha de 3. Isso garantiu sua primeira seleção para o Jogo das Estrelas.
Entre as caras novas na liga, o ala-armador Jordan Poole, 20, tem um arremesso considerado tecnicamente perfeito, mas precisa melhorar no quesito defensivo.
Já Eric Paschal, 22, é chamado pelos otimistas de “Draymond Green com um arremesso”. O ala-pivô tem como destaque o físico imponente e a habilidade defensiva: 2,01 m de altura distribuídos em 116 kg e envergadura de 2,12 m, que permite a marcação de múltiplos jogadores.
Completando a lista de jovens que chegaram neste ano para o elenco está o sérvio Alen Smailagic, 19. O GSW já estava de olho nele havia tempos e, dois anos atrás, trouxe o garoto para jogar na liga de desenvolvimento. Por duas vezes, ele foi sacado quando olheiros foram às partidas, para guardá-lo como um segredo.
A missão dos Warriors será descobrir como encaixar essas peças nos 79 jogos antes dos playoffs. Para chegar à fase decisiva, porém, a reconstrução precisará funcionar em uma liga que já na primeira semana mostrou estar muito equilibrada.
Bahia Notícias