O toque do aperto de mão é a principal forma de contágio pelo novo coronavírus, de acordo com o Ministério da Saúde. A transmissão ocorre pelo contato com gotículas contaminadas presentes na saliva, na tosse, no espirro e no catarro.
Uma reportagem veiculada pela NHK, emissora de televisão pública do Japão, mostrou uma simulação virtual feita pelo Instituto de Tecnologia de Kyoto. Nela, dez pessoas estão em um espaço fechado, do tamanho de uma sala de aula.
Uma única pessoa desse grupo é capaz de expelir 100.000 gotículas ao tossir uma única vez. As maiores caem no chão e ficam ali por cerca de um minuto. Em contrapartida, após 20 minutos as gotículas menores ainda permanecem no ar.
“Se o ar não estiver fluindo, as microgotículas não vão se mover e ficarão no local por algum tempo”, afirmou Massashi Yamakawa, professor do instituto.
“Mas é importante deixar claro que nem tudo que sai ali [na tosse] tem vírus suficiente para contaminar outra pessoa”, pondera o infectologista João Prats da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Mesmo assim, além de manter as mãos sempre limpas, é importante seguir as medidas mais adequadas para evitar que secreções respiratórias se espalhem. O Ministério da Saúde recomenda cobrir a boca com o antebraço ou lenço descartável ao tossir e espirrar.
Essa atitude faz parte da chamada ‘etiqueta respiratória’, que foi validada a partir de vários estudos e diminui muito a disseminação de gotículas, de acordo com o infectologista Carlos Fortaleza, da Sociedade Paulista de Infectologia.
“A escolha da parte interior do cotovelo tem a ver com o fato de que não é uma área de tanto contato e com a possibilidade de não infectar as mãos”, explica o especialista “Cobrir com a mão é uma possibilidade, mas exige que você lave logo depois, porque com elas tocamos em outras pessoas e objetos”, acrescenta.
Fortaleza afirma que o ideal é manter uma distância de mais de 2 metros em relação a outras pessoas. De acordo com Prats, a maior parte das partículas expelidas pela tosse caem até essa distância.
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) informa que indivíduos que mantém distância de até 1,5 metro podem se infectar.
Questionado se o uso da máscara segue restrito para quem está doente e profissionais de saúde na atual fase de contágio em que estamos, o Fortaleza diz que essa é a pergunta que os especialistas estão tentando responder.
“O fato é que não há máscara cirúrgica disponível para todo mundo no mercado”, ressalta. Segundo ele, a máscara de pano está sob avaliação como uma alternativa.
“Ela tem menos da metade da eficácia da máscara cirúrgica, mas está sendo estudada para ver se é capaz de desacelerar o contágio”, esclarece. “O que me preocupa é que as pessoas pensam que se usarem máscara de pano podem reabrir o comércio, mas não podem”, acrescenta.
Prats alerta que, dee qualquer maneira, as medidas de higiene devem ser mantidas. Abrir janelas e garantir a circulação do ar foi uma das recomendações feitas pelos pesquisadores de Kyoto para evitar o contágio pelo novo coronavírus.
Fortaleza observa que fazer o ar circular sempre diminui a chance de transmissão “pois as gotículas respiratórias são diluídas e levadas pela brisa”. Mas faz uma ressalva: “Se você estiver ao ar livre com uma porção de pessoas doentes, também pode se contaminar”.
R7