Governadores de diversos Estados vieram a Brasília nesta terça-feira (8) para cobrar do governo federal um plano nacional de vacinação. Seis estão reunidos com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e outros participam de forma remota. Eles cobraram urgência para a realização de plano de vacinação da população brasileira contra a covid-19.
No Palácio do Planalto, os governadores falaram sobre a necessidade de mais encontros para traçar o plano.
“A minha sugestão na reunião é da necessidade imediata de um novo encontro com o Ministério da Saúde para tratar a estratégia da vacinação. O tema requer urgência”, afirmou Fátima Bezerra (PT- RN).
“E a expectativa é de que a ente saia daqui com definições concretas, com calendário, com vacinas seguras e suficientes para que a gente inicie o mais rápido possível o processo de vacinação do nosso povo”, acrescentou a governadora.
O governador do Piauí, Wellignton Dias (PT), afirmou que a posição principal é salvar vidas. “A nossa obrigação é a união de todos. [Queremos] todas as vacinas, sem restrição nenhuma. Se a vacina estiver autorizada, é essa a vacina dos brasileiros. Segundo: [queremos um] plano nacional de imunização, com distribuição gratuita. E terceiro garantir o cronograma, do que estamos comprando de vacina, quais são as próximas entregas”, afirmou.
Além de Welligton Dias e Fatima Bezerra, estão em Brasília os governadores Ronaldo Caiado, de Goiás, Paulo Câmara, de Pernambuco, Gladson Cameli, do Acre e Helder Barbalho, do Pará. O encontro está sendo realizado no Palácio do Planalto, com a participação de outros governadores por meio virtual.
Durante a reunião, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), questionou Pazuello sobre politização da CoronaVac, imunizante produzido pelo Instituto Butatan em parceria com o laboratório chinês Sinovac.
“A vacina Covas Facility recebeu investimento de R$ 2.5 bilhões. O ministério anunciou também investimento de mais de R$ 1 bilhão na vacina da AstraZeneca. Ambas não foram aprovadas pela Anivsa. Agora, a CoronaVac não recebeu nenhum investimento do governo federal. O que difere, ministro, a condição da sua gestão de privilegiar duas vacinas em detrimento de outra? É de ordem ideológica, política ou razão de falta de interesse em disponibilizar mais vacinas?”, questionou.
Pazuello respondeu que a pasta acompanha desenvolvimento de nove vacinas e negou viés político na corrida pelo imunizante contra a covid-19.
O governo de São Paulo soltou uma nota sobre a vacina:
Leia abaixo a íntegra
INFORMAÇÕES SOBRE VACINAS CONTRA O CORONAVÍRUS
• Até o momento, o Ministério da Saúde já fez acordos para garantir a compra da vacina da empresa AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, e com a vacina do Covax, consórcio global de vacinas contra o coronavírus.
• Somando as duas iniciativas, a expectativa é que o Governo Federal adquira 140 milhões de doses para o primeiro semestre de 2021. O Ministério da Saúde promete ainda que após a transferência de tecnologia da AstraZeneca, a capacidade de produção seja de mais 165 milhões de doses até o final do ano que vem.
• Consórcio Covax Facility – O Governo Federal anunciou investimento de R$ 2,5 bilhões para o Brasil aderir ao Covax. A primeira parcela foi paga no dia 8 de outubro, no valor de R$ 803,5 milhões. A adesão do Brasil ao Covax Facility permitirá o acesso a, pelo menos, nove vacinas em desenvolvimento pelos laboratórios: Inovio, Moderna, Curevac, ThemisMerk, Oxford/AstraZeneca, Novavax, Universidade Queensland, Clover e Universidade de Hong Kong.
• AstraZeneca – O Governo Federal anunciou em agosto o investimento de R$ 1,9 bilhão em um acordo para compra de 100 milhões de doses e de transferência de tecnologia da vacina do laboratório AstraZeneca.
● Coronavac – Vacina desenvolvida em parceria entre o Instituto Butantan e o laboratório chinês Sinovac. Total de 13 mil voluntários, em 22 centros (em sete estados mais o Distrito Federal);
● Está neste momento na terceira fase de testes, com 11.705 voluntários, que já receberam doses (vacina ou placebo);
● Eficácia da vacina a ser produzida pelo Instituto Butantan está próxima de comprovação;
● Testes confirmam que esta é a vacina mais segura em fase final de testes no Brasil: dos voluntários testados, apenas 35% tiveram reações leves, como dor no local da aplicação e nenhum efeito colateral grave;
● O imunizante se encontra na fase final de testes clínicos em humanos no Brasil. No momento, estão sendo analisados 74 voluntários que se infectaram com o coronavírus. O número ultrapassou o mínimo necessário, de 61 casos, para a abertura dos estudos e análise.
● Os dados extraídos desta análise serão enviados pelo Comitê Internacional Independente para a avaliação e aprovação da Anvisa.
● Em novembro a revista científica Lancet, uma das mais importantes no mundo, publicou os resultados de segurança da Coronavac nas fases I e II, realizados na China, com 744 voluntários. A publicação mostrou que a vacina é segura e tem capacidade de produzir resposta imune no organismo 28 dias após sua aplicação em 97% dos casos.
● A expectativa é que a obtenção da licença pela Anvisa ocorra ainda em janeiro/2021.
● Este ano, o Instituto Butantan já recebeu 120 mil doses da vacina (19/11) e um lote com insumos para produção de 1 milhão de doses (3/12). Outros lotes devem chegar nas próximas semanas;
● Pelo acordo com a Sinovac, serão adquiridas 46 milhões de doses da CoronaVac, além da transferência de tecnologia para o Instituto Butantan;
● As obras da Fábrica da Coronavac devem ser concluídas em setembro de 2021, com recursos provenientes de doações da iniciativa privada;
● A fábrica que atualmente produz a vacina da gripe tem condições de já começar a produzir a vacina da CoronaVac;
● A fábrica do Instituto Butantan terá capacidade de produção de 100 milhões de vacinas por ano.
R7