Passou batida uma resolução da última semana, publicada no Diário Oficial da União pelo Contran (o conselho que regulamenta o trânsito no Brasil), que vai permitir que “super caminhões” circulem por vias brasileiras em breve: com número 640 e data de 14 de dezembro, a nova norma libera “combinações de veículos de carga” com 11 eixos e até 91 toneladas de peso bruto total combinado. Isso é o equivalente a 91.000 quilos ou… 100 unidades do Volkswagen Up empilhadas e arrastadas.
De acordo com uma publicação especializada, a “Revista Carga Pesada”, essa nova resolução foi aprovada por “pressão do setor sucroalcooleiro”. De toda forma, a norma precisa ser regulamentada. Pela antiga resolução, o limite era de 74 toneladas com nove eixos. Será preciso definir o tamanho extra das máquinas para a concessão de autorizações de rodagem, válidas para períodos e trechos específicos.
Peso extra, tecnologia extra
Chamados de “rodotrens” ou “treminhões”, essas combinações de veículos de carga são bastante usadas por empresas de construção civil e mineração, madeireiras, fazendas e usinas de cana-de-açúcar. É fácil topar com eles em rodovias do interior, mas também por estradas vicinais e trechos rurais (sem pavimentação, com pistas irregulares de terra ou cascalho).
Isso levanta a questão: é preciso ter maior controle desses veículos gigantes, tanto em termos de perícia do condutor, quanto em mecânica, certo? Certíssimo.
UOL Carros conversou com algumas fabricantes e descobriu que o processo já está bastante adiantado: existem modelos preparados para rodar assim que a resolução for validada — o que deve acontecer em 90 dias.
Além do eixo extra em cada parte da combinação (elevando o total de nove para 11), o peso maior (91 toneladas do conjunto, com capacidade máxima de tração de 123 toneladas) vai exigir um sistema de tração mais sofisticado.
“Super caminhões” qualificados usarão, por exemplo, câmbios automatizados, que fazem trocas de marchas no momento correto e evitam movimentos equivocados dos condutores. E controle avançado de torque e de tração, bem como leitura de inclinação do terreno e auxílio de rampa — isso evita que o “monstro” tombe ou deslize para trás em terrenos íngremes.
Um exemplo é o da Mercedes-Benz, com caminhões extra-pesados equipados com a caixa chamada “Powershift” (curiosamente, o mesmo nome de batismo do câmbio automatizado de carros da Ford).
Com isso, motoristas também deverão ter melhor treinamento para entender melhor a tecnologia dos novos “super caminhões”.
uol