Parlamentares da base aliada já começam a trabalhar com a possibilidade de que não haja quórum para votar a denúncia contra o presidente Michel Temer na próxima quarta-feira (2), o que pode adiar a votação em plenário.
A preocupação da tropa de choque de Temer é que a oposição obstrua a sessão e não marque presença para que o governo continue “sangrando” e fique exposto a novos fatos que possam mudar o placar, hoje favorável a Temer. Também afirmam que a não apreciação da denúncia poderia paralisar ainda mais a pauta no Congresso, em um momento em que o Palácio do Planalto espera poder retomar a agenda das reformas, especialmente a da Previdência.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta sexta-feira (28) que acredita que haverá o número necessário de deputados na Casa para votar a denúncia. Ele estimou em 480 o número de presentes no dia da sessão.
— Nosso papel é votar. Não votar é manter o País parado neste momento ainda de muitas dificuldades. […] Não podemos deixar o paciente no centro cirúrgico com a barriga aberta.
Nos últimos dias, integrantes da tropa de choque do governo aumentaram as cobranças em relação aos deputados da oposição, para que eles compareçam ao plenário na próxima semana e ajudem o governo a alcançar o número de parlamentares necessários para dar início à sessão na Câmara.
Na quinta-feira (27), ao chegar para um jantar com Temer no Jaburu, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) disse que seria “antipatriótico” a oposição obstruir e não dar quórum no plenário.
— O que desejamos é que a oposição encerre as suas férias, vote e não se omita diante de um momento tão importante e decisivo para a vida da nação. Neste momento, prorrogar, delongar ou atrapalhar é uma atitude irresponsável e antipatriótica.
Pela contagem do Planalto, Temer terá pelo menos 280 votos, número suficiente para derrubar a denúncia, mas não para garantir o quórum mínimo de 342 deputados no plenário.
Segundo o vice-líder do governo, deputado Beto Mansur (PRB-SP), a estratégia nos últimos dias têm sido conversar com deputados dissidentes da base para que eles marquem presença mesmo que votem contra Temer.
— Estamos dizendo que mesmo que não queira votar, marca presença e vai embora, para deixar resolvido isso na quarta-feira.
Quórum
A oposição ainda não definiu uma estratégia para a próxima semana. Na terça-feira (1º), deputados de partidos como o PT, PCdoB, PSOL e Rede farão uma reunião para decidir se irão ou não dar quórum no dia da votação.
Para o deputado da Rede, Alessandro Molon (RJ), a oposição não deve contribuir para realizar uma sessão “esvaziada”, o que daria uma vitória fácil a Temer, já que a aceitação da denúncia requer o voto de 342 deputados.
— É fundamental que todos os parlamentares estejam presentes e demonstrem para o País de que lado estão.
Já o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) defende que a oposição não marque presença em plenário para explicitar a dificuldade do governo até em ter quórum suficiente para abrir a votação da denúncia.
— O primeiro constrangimento é mostrar para a sociedade que ele não tem número, que ele não tem mais base suficiente para derrubar uma acusação.
Nesta sexta, o ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, minimizou a possibilidade de não haver quórum e reiterou o discurso de que não é obrigação do governo colocar os deputados para votarem.
— Se a oposição não colocar o quórum, o governo vai continuar trabalhando normalmente e obtendo as vitórias expressivas no Congresso como tem sido até o momento.
Auxiliares do presidente, no entanto, dizem que ele está incomodado com a situação e tem pressa para encerrar o assunto já na próxima semana. A ideia do governo era derrubar a denúncia no plenário antes do início do recesso, em 17 de julho.
Diante da constatação de que a base não conseguiria colocar o número de parlamentares necessário em plenário na véspera das férias do Congresso, os governistas aceitaram adiar a votação para agosto.
R7