A cidade de Tijuana, na fronteira do México com os EUA, foi palco de conflitos sangrentos entre o cartel local e o cartel de Sinaloa, liderado por Joaquín “El Chapo” Guzmán, até o fim da década passada. A violência, que diminuiu durante alguns anos, agora voltou com força, mas diferente.
Os homicídios vêm batendo recordes, mas o perfil dos crimes mudou. Antes, os grandes traficantes disputavam rotas para levar drogas para o outro lado da fronteira. Agora, pequenos traficantes e usuários matam e morrem por pontos de venda na rua, por dívidas, por disputas internas.
Em 2012, foram 367 homicídios, o menor número em décadas. Mas a paz relativa não duraria muito. Gradualmente, o número foi aumentando, até explodir nos últimos anos. Em 2018, o número foi quase 700% maior que o de 2012: 2.518 assassinatos.
Mudança na criminalidade
O quadro ainda deve piorar. Somente nos primeiros 29 dias de janeiro deste ano, foram 196 homicídios registrados na cidade, o pior resultado para o mês na história de Tijuana.
A causa disso, segundo moradores e autoridades, foi uma grande mudança na atuação de gangues e no mercado de drogas local. Antigamente, a cidade era usada como rota de passagem dos tóxicos para o mercado norte-americano. Hoje, uma epidemia de uso de metanfetamina tomou conta de Tijuana.
Com isso, a maior parte das mortes nos últimos anos é de pequenos traficantes em confrontos por pontos de venda nas ruas, de outros traficantes que, ao invés de vender, usam as drogas, e de usuários que ficam devendo pagamentos, principalmente.
“É entre eles”
Para a polícia da cidade, a situação parece quase confortável. O chefe dos policiais de Tijuana, Marco Antônio Sotomayor, já declarou diversas vezes que os turistas e a maior parte dos residentes não precisam se preocupar com a violência.
“Os que estão morrendo são jovens e criminosos que entram em um mundo onde eles sabem que há esse risco nos negócios, o risco de perderem suas vidas. Temos de entender que a cidade não está pegando fogo nem nada parecido”, disse ele, em entrevistas. A frase “é entre eles” é comum entre autoridades mexicanas para falar sobre a violência.
Na verdade, a situação pode ser mais grave do que a polícia deixa transparecer. Segundo uma pesquisa, estima-se que cerca de 3% do estado da Baja Califórnia, onde fica Tijuana, ou cerca de 100 mil pessoas já tenham experimentado metanfetamina. É o maior percentual entre os estados mexicanos.
R7