O primeiro-ministro haitiano, Jack Guy Lafontant, acusou nessa quinta-feira (1º) as Nações Unidas de interferirem nos assuntos internos do país, após recentes declarações do responsável pela Missão da ONU para a Justiça no Haiti (Minujusth), Sonia Page. A informação é da Agência EFE.
“A declaração da representante da Minujusth é uma ingerência nos assuntos internos do Haiti. É inaceitável que a organização internacional se envolva nos assuntos próprios do país”, disse Lafontant em entrevista coletiva, quando falou sobre problemas da Justiça e de crise em várias escolas do país.
O chefe de gabinete se queixou das opiniões expressadas por Page depois que os tribunais do país decidiram investigar as denúncias de suposta corrupção no uso dos fundos do Petrocaribe, um acordo pelo qual a Venezuela fornece petróleo em condições favoráveis a vários países caribenhos.
“O Haiti não pode comentar sobre os assuntos internos dos Estados Unidos ou da França, por isso não podemos permitir que nenhuma organização faça o que queira ou diga o que queira. O Haiti é um país independente”, ressaltou Lafontant.
O primeiro-ministro do Haiti disse ainda que o governo está preparado para defender a soberania e convocou todos os haitianos a respaldar o país e suas instituições.
Na semana passada, Sonia Page, representante do secretário-geral da ONU no Haiti, elogiou a designação de um juiz para investigar relatório do Senado que acusa vários ex-ministros de suposta corrupção na administração dos fundos do Petrocaribe, entre os anos 2008 e 2016.
Lafontant qualificou hoje como “política” a investigação feita pelos senadores.
Após os comentários da chefe da Minujusth, o governo haitiano chamou para consultas o seu embaixador na ONU e cancelou a participação em uma reunião com o secretário-geral do organismo, António Guterres, onde seria discutida a luta contra o cólera no país caribenho.
Agência Brasil