As disfunções da glândula tireoide afetam milhões de pessoas em todo o mundo e os sintomas podem ser sentidos no corpo todo.
A endocrinologista Rosita Gomes Fontes, da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), explica algumas das funções da tireoide.
“Ela age em todas as células do corpo: nas do coração, ajuda a bater no ritmo correto, nas intestinais estimulam a movimentação dos órgãos, estimula produção de calor e de energia e até garante um desenvolvimento neurológico normal”, afirma.
A glândula produz os hormônios T3 e T4 e é regulada pelo TFH, em outra glândula, a hipófise.
“O TFH estimula a produção de T3 e T4, e o próprio T4 age na hipófise inibindo a produção de TFH, para evitar que produza de mais, a gente chama esse sistema de feedback, que mantém o equilíbrio dos hormônios”, explica Rosita.
As disfunções da tireoide são causadas por uma doença autoimune, que faz o próprio sistema imunológico do corpo atacar a glândula e faz com que as produções hormonais fiquem desreguladas. Além disso, a médica afirma que algumas pessoas podem ter hipotireoidismo ou hipertireoidismo congênitos.
A disfunção mais comum, presente em 12% das mulheres, é o hipotireoidismo, afirma a médica. Ele é caracterizado pela deficiência hormonal.
Os principais sintomas são: esquecimento, pele seca, frio intensificado, pouca disposição, batimentos cardíacos desacelerados e intestino preso.
“Fica mais comum depois da menopausa e mais ainda acima de 60 anos, mas precisamos ter cuidado para não fazer um diagnóstico excessivo no idoso”, afirma a endocrinologista.
Ela explica que o exame para diagnosticar a doença avalia a quantidade de TFH no corpo do paciente e que é normal que o nível do hormônio aumente com o passar da idade.
“O número limite de microunidades de TFH por ml em jovens é 4,3, de 60 a 80 anos vai para 5,8 e a partir dos 80 anos 6,7”, afirma. O tratamento é feito com reposição hormonal continua.
Rosita alerta para o diagnóstico precoce da doença congênita em bebês, que ocorre em uma criança a cada 3.000 a 4.000 nascimentos.
“Como os hormônios têm uma função muito importante no desenvolvimento neurológico do bebê, se não tratar nos primeiros 15 dias, a criança pode ter deficiência cognitiva”, afirma.
Já o hipertireoidismo é menos comum. Segundo os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos, 1,2% da população do país possuem a doença.
Segundo a médica, o hipertireoidismo é caracterizado pela produção excessiva de hormônios, isso causa sintomas opostos ao hipotireoidismo: taquicardia, calor excessivo, diarreia, instabilidade emocional, choro fácil, emagrecimento e tremores.
“Uma das estratégias de tratamento do hipertireoidismo é tirar a tireoide por meio de cirurgia ou iodo radioativo para causar um hipotireoidismo, já que o tratamento é muito mais fácil”, explica.
A endocrinologista afirma que esses métodos são utilizados quando o tratamento com medicações inibidoras da produção de hormônio pela tireoide não funciona.
Um terceiro problema comum da tireoide é o aparecimento de nódulos. De acordo com a endocrinologista, 75% das pessoas conseguem identificar nódulos por meio de ultrassonografia, porém a maior parte deles não possui relevância clínica.
“Virou moda fazer o ultrassom, mas a gente não recomenda, não tem benefícios. Os que precisam de cuidados são os que conseguimos identificar apalpando e aí são só 7% das pessoas que apresentam [sinais]”, afirma.
Uma vez identificado o nódulo no consultório, são feitos exames para avaliar se o nódulo é maligno. “Verificamos uma série de características, alguns tipos calcificação, margens desregulares e etc.”, exemplifica.
Depois é feita uma pulsão por agulha fina para verificar se é realmente maligno. “Existem também exames de biologia molecular, mas ainda é muito inacessível para a maioria das pessoas”, afirma.
Os nódulos, normalmente, não possuem sintomas. Nódulos grandes podem comprimir o esôfago e a traqueia, causando dificuldade para engolir e para respirar.
Os nódulos malignos ou que causam compressão são retirados por meio de cirurgia, radio ablação ou injeção de etanol. Os benignos podem ser apenas acompanhados. “A sobrevida, após a cirurgia, é muito longa na maior parte dos casos”, afirma.
A melhor maneira de prevenir problemas na tireoide é consumindo a quantidade adequada de iodo. Isso porque os hormônios produzidos pela tireoide são feitos a partir do iodo.
“Não pode ser nem de mais, nem de menos. Existem academias que recomendam a ingestão de iodo e não é recomendado. Pode até desencadear uma doença autoimune”, explica.
O ideal é mais que 100 g por dia e menos que 500 g. No Brasil, o sal é iodado e por esse motivo não é necessário suplementar.
R7