Com o slogan “Mulher, você não está sozinha”, a campanha é dirigida a toda a população e é liderada pela associação Qualidade de Vida, que tem levantado voz para exigir respeito à vida e atenção à mulheres vítimas de violência de gênero.
A diretora da organização, Ana Cruz, disse que a violência contra as mulheres “não para” e que a campanha pretende passar às vítimas a mensagem de que “não estão sozinhas” perante este problema.
“Tem organizações que estão trabalhando para elas (mulheres), por isso o objetivo da campanha não é só levar a mensagem, é também desconstruir o machismo, porque temos que ensinar que a casa em tempos de pandemia não é só para a mulher ficar com todas as tarefas”, enfatizou.
A campanha também visa conscientizar os deputados do Parlamento hondurenho sobre a importância de se aprovar a Lei das Casas de Refúgio, apresentada há dois anos, para mulheres vítimas de violência sexista no país. Só neste ano, mais de 200 mulheres foram mortas.
“Todas as coisas que têm a ver com as mulheres são postas de lado, por isso esta campanha é para que as mulheres se sintam apoiadas”, acrescentou.
Por sua vez, Alía Kafati, fundadora da organização Hay Salida, pediu à população empatia e solidariedade com as mulheres vítimas de violência sexista.
“Acho que, se as pessoas tivessem mais empatia umas com as outras e se colocassem no lugar das outras, entenderíamos um pouco mais a importância dessas lutas”, enfatizou Kafati, que também foi vítima da violência machista.
Em Honduras, pelo menos 51% da população de 9,3 milhões de habitantes é formada por mulheres, e Kafati lamenta que a maioria das mulheres mais pobres não são tratadas bem.
Kafati contou que se casou muito jovem e só depois entendeu que havia sido vítima de violência de gênero.
“Entrei em um ciclo de violência doméstica, que não sabia reconhecer e não entendia (…), com o tempo esse ciclo foi se tornando mais prejudicial, começando com violência psicológica e econômica e terminando com violência física. Eu vivia quieta, não contava a ninguém”, explicou.
A violência doméstica “não discrimina sexo, raça, idade ou condição social”, enfatizou Kafati, que pertence a uma das famílias mais ricas de Honduras.
Para ela, uma educação baseada no respeito à igualdade e na conscientização do meio ambiente e da sociedade para denunciar as agressões contra as mulheres são essenciais para prevenir a violência sexista.
Só no primeiro semestre, cerca de 50 mil denúncias de violência machista foram registradas em Honduras, segundo dados citados pela associação Qualidade de Vida.
O confinamento devido à pandemia do coronavírus exacerbou a violência sexista em Honduras, porque a medida obrigou as mulheres a se trancarem em casa com seu agressor, segundo organizações feministas.
R7