Salvador, 7 de dezembro de 2025
Editor: Chico Araújo

Professoras da Rede Estadual da Bahia concorrem ao Prêmio Nacional Erê Dendê de Afroliteratura

Duas educadoras da Rede Estadual de Ensino da Bahia estão concorrendo ao Prêmio Nacional Erê Dendê de Afroliteratura para as Infâncias, na categoria Júri Popular. A premiação é promovida pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), em parceria com o Ministério da Igualdade Racial (MIR). As professoras Elisa Oliveira e Kalypsa Brito disputam com obras que valorizam a cultura afro-brasileira e incentivam o protagonismo negro na literatura infantil. A votação popular está aberta até 6 de julho, no site oficial do Prêmio Erê Dendê, através do link https://pollunit.com/polls/premioeredende.

O Prêmio Erê Dendê tem como objetivo valorizar produções literárias que expressem e promovam as culturas de matriz africana, com foco especial no público infantil. Ao todo, serão concedidos dez prêmios de R$ 20 mil cada.  Nove obras serão selecionadas por uma comissão julgadora e uma será escolhida por meio de votação popular. Nesta categoria, 81 obras estão concorrendo.

Obras valorizam ancestralidade e protagonismo negro nas infâncias

Elisangela Aparecida Leitão de Oliveira, mais conhecida como Elisa Oliveira, professora de Filosofia no Colégio Estadual de Tempo Integral Professor Carlos Roberto Arleo Barbosa, em Ilhéus, concorre com a obra “Mukalê: a menina de Matamba”, uma minibiografia infantojuvenil que resgata a história de Mãe Ilza Mukalê, ialorixá do Terreiro Matamba Tombeci Neto, do  Sul da Bahia. Produzido exclusivamente por mulheres negras, o livro integra a Série Trajetórias e apresenta os terreiros como espaços de acolhimento, resistência e aprendizado cultural e espiritual.

Elisa destaca a importância do prêmio para dar visibilidade à afroliteratura e à produção intelectual das educadoras da rede estadual. “O livro mostra a riqueza dos terreiros e o papel fundamental das lideranças femininas negras. É uma homenagem e um convite para que as crianças negras vejam suas raízes como motivo de orgulho”, afirma a professora.

Já a educadora Kalypsa Souza Brito, coordenadora pedagógica do Centro Territorial de Educação Profissional (Cetep) Piemonte do Paraguaçu I, no município de Itaberaba, participa com a obra “Kaiodê e a árvore das memórias”, que narra a infância de um menino negro em contato com seus ancestrais, saberes e território. A narrativa, descrita por Kalypsa como “afro-baiana”, valoriza símbolos da cultura afro-brasileira, como os adinkras, e referências às divindades Oxóssi e Iroko. As ilustrações, feitas por Júnior Pakapym, seu irmão, complementam a força simbólica do livro.

“Estar entre as indicadas é um reconhecimento do compromisso social que temos como educadoras para promover a diversidade cultural e combater estereótipos. Nossa literatura é um ato de resistência e afirmação das identidades negras na escola pública”, afirma Kalypsa.

Fotos: Elisa Oliveira/ Ananias

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