** Avanço foi na contramão do que ocorreu no Brasil como um todo e na maioria dos estados pesquisados;
** Aumento na taxa de inovação na Bahia foi resultado do crescimento de 42,7% no número de empresas industriais que implementaram inovações em processos e/ou produtos – maior crescimento percentual do país;
** Apesar de ter mais indústrias inovando, valor investido em inovação na Bahia caiu de R$ 1,5 bilhão para R$ 921 milhões, entre 2014 e 2017 (-40,4%);
** Cerca de R$ 40 em cada R$ 100 investidos em inovação pela indústria baiana vão para atividades internas de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D);
** 3 em cada 10 empresas industriais que inovam na Bahia têm apoio do governo;
** Condições de mercado são apontadas como principal razão para não inovar por quase 4 em cada 10 empresas baianas que não realizaram inovações;
** Esses são alguns resultados da Pesquisa de Inovação (PINTEC) 2015-2017, realizada pelo IBGE. O levantamento tem o objetivo de construir indicadores sobre as atividades de inovação nas empresas dos setores de indústria; eletricidade e gás; e serviços selecionados. As informações por estado se restringem às empresas da indústria extrativa e de transformação, com 10 ou mais pessoas ocupadas, focando nas 15 unidades de Federação que respondem, cada uma, por pelo menos 1,0% do valor da transformação industrial nacional.
A inovação industrial cresceu na Bahia entre 2015-2017, quando se compara esse período com o triênio anterior (2012-2014). O avanço foi na contramão do que ocorreu no país como um todo e na maioria dos estados investigados pela Pesquisa de Inovação (PINTEC), do IBGE.
Em 2012-2014, a Bahia era a unidade da Federação com a menor taxa de inovação entre as empresas da indústria extrativa e de transformação com 10 ou mais pessoas ocupadas. Na época, cerca de 1 em cada 4 indústrias baianas havia implementado alguma inovação em produto e/ou processo: 24,6% ou 734 de um total de 2.985.
No triênio seguinte, 2015-2017, a taxa de inovação no estado subiu de forma importante, e pouco mais de 1/3 das empresas industriais inovaram em produtos e/ou processos: 33,8%, o que equivaleu a 1.048 de um total de 3.102. Foi a 9a maior taxa de inovação industrial dentre os 15 estados considerados.
O aumento da taxa de inovação na indústria baiana entre os triênios de 2012-2014 (24,6%) e de 2015-2017 (33,8%) foi o terceiro maior entre os estados: mais 9,2 pontos percentuais. A taxa de inovação da indústria na Bahia cresceu menos apenas que no Amazonas (de 33,5% para 46,0%) e em Goiás (de 31,6% para 41,9%).
Esse avanço se deu porque, entre os dois triênios considerados, a Bahia teve o maior crescimento percentual do país no número de empresas industriais inovadoras. O total aumentou 42,7%, passando de 734 em 2012-2014 para 1.048 em 2015-2017, o que representou saldo positivo de 314 empresas industriais que implementaram alguma inovação entre os dois períodos.
O movimento de aumento da taxa de inovação na Bahia foi no sentido contrário ao que ocorreu no país como um todo e em 10 dos 14 estados analisados em ambos os triênios (Mato Grosso do Sul não era considerado em 2012-2014).
No período, o percentual de empresas industriais inovadoras no país passou de 36,4% para 33,9%. Ceará (de 33,1% para 19,5%), Espírito Santo (de 38,1% para 28,6%) e Pernambuco (de 44,4% para 36,0%) tiveram as maiores reduções na taxa de inovação, entre os dois triênios.
Apesar de ter mais indústrias inovando, valor investido em inovação na Bahia caiu de R$ 1,5 bilhão para R$ 921 milhões entre 2014 e 2017 (-40,4%)
Apesar do aumento na taxa de inovação das empresas industriais, a Bahia viu o valor investido nas atividades inovativas cair entre 2014 e 2017.
Nesse intervalo de tempo, os gastos das empresas industriais baianas com inovações passaram de R$ 1,546 bilhão para R$ 921,3 milhões (-40,4%), o que representou, em termos absolutos, menos R$ 625,4 milhões investidos em três anos.
Assim, a intensidade do dispêndio com inovação no estado, ou seja, quanto o valor investido em ações inovativas representa em relação à receita total de revenda da indústria, caiu pela metade: de 1,86% em 2014 para 0,97% em 2017.
A redução tanto do valor investido pela indústria em inovações quanto da intensidade desse investimento frente à receita total de revenda também foi uma realidade para o país como um todo e a maioria dos 14 estados que tiveram essa variável investigada em 2014 e 2017.
No Brasil, as empresas da indústria extrativa e de transformação reduziram seus gastos com ações inovativas de R$ 57,638 bilhões, em 2014, para R$ 47,452 bilhões em 2017 (-17,7%), o que representou menos R$ 10,2 bilhões investidos em três anos. Assim, a intensidade de dispêndios com inovação caiu de 2,12% da receita total de revenda para 1,65%.
As maiores reduções percentuais nos investimentos em inovação ocorreram em Pernambuco (de R$ 1,578 bilhão para R$ 606,9 milhões, -61,5%), Espírito Santo (de R$ 1,434 bilhão para R$ 637,8 milhões, -55,5%) e Pará (de R$ 483,7 milhões para R$ 226,0 milhões, -53,3%). A Bahia teve a quarta maior queda (-40,4%).
No outro extremo, os cinco estados que aumentaram o valor absoluto de investimento em atividades inovativas foram liderados por Amazonas (de R$ 1,538 bilhão em 2014 para R$ 3,456 bilhões em 2017, +124,6%), Ceará (de R$ 826,9 milhões para R$ 1,344 bilhão, + 62,6%) e Goiás (de R$ 1,011 bilhão para R$ 1,388 bilhão, + 37,3%).
Cerca de R$ 40 em cada R$ 100 investidos em inovação pela indústria baiana vão para atividades internas de P&D
Na Bahia, assim como no país como um todo, inovações em processos são mais frequentes entre as empresas industriais. Das 1.048 que inovaram no triênio 2015-2017, no estado, 879 informaram ter inovado em processos e 540 em produtos (a soma dá mais que o total porque empresas podem ter inovado em ambos).
Dentre as atividades inovativas desenvolvidas pela indústria baiana entre 2015 e 2017, as mais citadas como tendo alta importância foram a aquisição de máquinas e equipamentos (considerada de alta importância por 368 das 1.048 empresas que inovaram) e, bem próxima, a aquisição de software (citada por 364 empresas).
Atividades internas de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) foram citadas como de alta importância por apenas 50 das 1.048 empresas industriais baianas que inovaram no período. Essas atividades de P&D só foram mais citadas como de alta importância do que a aquisição de outros conhecimentos externos (por 35 empresas) e a aquisição externa de P&D (15 empresas).
Apesar de não serem frequentemente apontadas como de alta importância, as atividades internas de P&D foram as que mais receberam investimentos das indústrias baianas que inovaram entre 2015 e 2017: R$ 396,5 milhões, o que equivaleu a 43,0% do total investido (R$ 921,3 milhões).
A aquisição de máquinas e equipamentos recebeu o segundo maior montante de investimentos na Bahia: R$ 338,2 milhões, ou 36,7% do total realizado no triênio 2015-2017 pelas indústrias que realizaram inovações.
Atividades de treinamento foram as que receberam menos investimentos (R$ 5,4 milhões, ou 0,6% do total investido), seguidas pela aquisição de outros conhecimentos externos (R$ 24,4 milhões, ou 2,6% do total).
3 em cada 10 empresas industriais que inovaram na Bahia entre 2015-2017 tiveram apoio do governo
No triênio 2015-2017, 3 em cada 10 empresas industriais que inovaram na Bahia tiveram apoio do governo em suas atividades de inovação: 30,1% do total de 1.048, o que significa 315 empresas, em números absolutos.
O apoio do governo à inovação na indústria baiana foi um pouco maior do que no país como um todo, onde 27,1% das empresas da indústria extrativa e de transformação tiveram apoio governamental entre 2015 e 2017 (9,4 mil de 37,4 mil empresas).
Dentre os 15 estados considerados na PINTEC, a Bahia teve o quinto maior percentual de empresas inovadoras que receberam apoio governamental. Amazonas (57,9%), Goiás (48,5%) e Pará (36,6%) lideraram nesse indicador, enquanto Mato Grosso do Sul (17,0%), Minas Gerais (21,6%) e Mato Grosso (21,8%) tiveram os menores percentuais.
Condições de mercado são apontadas como principal obstáculo por quase 4 em cada 10 indústrias baianas que não realizaram inovações
Das 1.935 empresas industriais baianas que não realizaram nenhuma inovação nem tiveram projeto nesse sentido, no triênio 2015-2017, 36,6% – quase 4 em cada 10, ou 708 em números absolutos – citaram as condições de mercado como a principal razão para não inovar.
Em segundo lugar, mas bem próximo, vinha o fato de as empresas já terem realizado inovações prévias, razão citada por 1/3 das que não inovaram no triênio 2015-2017 (33,3% ou 644 empresas). Um terceiro grupo de 583 empresas (30,1% das que não inovaram) citou outros fatores impeditivos.
Dentre esse outros fatores que impediram as indústrias baianas de inovar, o mais mencionado como tendo alta importância foi o elevado custo da inovação (por 276 indústrias que não inovaram no estado). Em segundo lugar vieram os riscos econômicos excessivos, apontados por 196 empresas como fator de alta importância para não inovar.
O quadro na Bahia de relativo equilíbrio entre as três grandes razões para não inovar é bem diferente do verificado no país como um todo e na maior parte dos 15 estados considerados.
As condições de mercado, apontadas como razão para não inovar por 36,6% das indústrias baianas, são muito menos importantes no estado do que na média nacional. O percentual baiano é o menor entre todas as unidades da Federação. No Brasil como um todo, 61,6% das indústrias que não inovaram entre 2015 e 2017 apontaram essa razão.
Por outro lado, ter realizado inovações prévias é um fator muito mais citado na Bahia (por 33,3% das empresas) do que no país em geral (16,1%). A Bahia tem o maior percentual de indústrias que apontam essa razão entre todos os estados pesquisados.
Os outros fatores impeditivos também têm mais peso no estado (citados por 30,1% das que não inovaram) do que no país como um todo (22,4%).