Por Eduardo Fontoura, químico e líder da área de gerenciamento ambiental da Cetrel
Comemoramos o Dia Nacional da Indústria no dia 25 de maio em homenagem a Roberto Simonsen. A data lembra o dia de sua morte e seu grande papel para a industrialização no Brasil, mas nos remete também a algumas reflexões necessárias.
Desde a revolução industrial no século XVIII – iniciada na Inglaterra – o modo de vida do ser humano não foi mais o mesmo. A criação da máquina a vapor mudou o conceito de produção e abriu um mundo de oportunidades e visões.
Grandes transformações ocorreram, desde então, para melhorar a vida da população. E isso pode ser sentido nos momentos de crise, quando desafios são impostos à humanidade e ao desenvolvimento industrial na busca do equacionamento delas. São esses momentos que impulsionam a evolução do mundo. Observamos isso, por exemplo, nas guerras, nos desafios de alimentação, em momentos de pandemia (com o desenvolvimento de vacinas) e nas necessidades de interligação e comunicação.
E no Brasil não é diferente. Por aqui, o processo de industrialização iniciou na época do governo Getúlio Vargas, mas teve grande impulso na gestão de Juscelino Kubitschek. O país saia da condição eminentemente agrícola e embarcava numa nova era.
Inicialmente, o processo foi concentrado no Sul/Sudeste, quando, na década de 1970, houve a descentralização. Nesse processo, destaca-se a concepção do então Polo Petroquímico de Camaçari, que teve sua inauguração em 29 de junho de 1978, causando um impacto positivo na economia da Bahia.
Um marco importante, pois foi o 1º complexo petroquímico planejado no Brasil. E essa visão se estendeu nas questões ambientais com a concepção da Cetrel, responsável pelo tratamento de efluentes líquidos do polo e depois pelo tratamento e disposição de resíduos e gerenciamento ambiental (recursos hídricos e emissões atmosféricas), sendo a responsável pelo maior programa na área de recursos hídricos do país.
Em função da diversificação de sua atuação, o complexo petroquímico passou a ser chamado de Polo Industrial de Camaçari, congregando, além das áreas química e petroquímica, as farmacêuticas, de celulose, automobilística, de energia eólica, de metalurgia, dentre outros.
Mas, apesar dos avanços, a indústria nacional vem passando por desafios grandes nos últimos anos, impulsionadas pela competição mundial acelerada pela globalização e pela tributação excessiva da atividade econômica. Além disso, temos à nossa frente outros desafios, como a Indústria 4.0 e ESG (Environmental, Social and Governance).
Sabemos que o caminho é árduo, mas – com investimento em inovação e tecnologia, e capacitação de sua força de trabalho e muita criatividade – superaremos esses desafios, sempre pensando no crescimento da sociedade e na preservação ambiental, tendo a sustentabilidade como parâmetro para o aprimoramento da indústria e para a construção de um mundo melhor.