No Brasil, a insuficiência cardíaca afeta 2,8 milhões de pessoas e é responsável por 219 mil internações por ano, de acordo com o Ministério da Saúde. É o segundo problema cardíaco mais frequente no país, atrás apenas do infarto. Segundo o DataSUS, somente em 2016 foram 28 mil mortes no Brasil por causa da doença.
Esses números fazem com que a insuficiência cardíaca seja mais fatal do que tipos de câncer mais comuns no país. O câncer de próstata, por exemplo, mata quase 14 mil pessoas por ano, segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer). O câncer de mama mata quase 15 mil e o câncer colorretal faz cerca de 16 mil vítimas por ano.
De acordo com o cardiologista Mucio Tavares, diretor da unidade de emergência do InCor, a insuficiência cardíaca acontece quando o coração não consegue se contrair e expandir com força suficiente para bombear a quantidade necessária de sangue para o corpo. Por causa dessa falha na função, por fraqueza ou rigidez muscular, o sangue não irriga o órgão em quantidade adequada, como consequência, pode acontecer o acúmulo de sangue nas vísceras e nos pulmões. Este acúmulo de sangue nos vasos e órgãos do corpo se manifesta por inchaço das pernas e abdômen ou falta de ar.
Uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Cardiologia revelou que hipertensão arterial (70%), diabetes (34%), histórico de infarto (27%) e insuficiência renal crônica (24%) são as principais causas de insuficiência cardíaca. A doença de Chagas também pode afetar o funcionamento do coração ao destruir as fibras dos músculos em decorrência das inflamações causadas e, desta forma, desencadear o diagnóstico de insuficiência cardíaca – a estimativa é que 30% das pessoas que tiveram a doença de Chagas acabam desenvolvendo problemas no coração.
A insuficiência cardíaca é uma doença crônica e pode ser causada por qualquer doença que leve a algum dano no coração, como pressão alta, infarto do miocárdio, doenças nas válvulas, predisposição genética ou infecções. Os sintomas mais comuns são falta de ar constante, chiado no peito, fraqueza e inchaço nas pernas e pés, fadiga, batimentos cardíacos acelerados, além de tosse ou falta de ar ao se deitar.
A doença não tem cura, mas é possível tratar para controlar os sintomas e ganhar qualidade de vida. As opções de tratamento vão de medicamentos a válvulas, stents, marca-passo e, em casos mais extremos, transplante de coração. Os tratamentos medicamentosos mais comuns no Brasil são o enalapril, usado há mais tempo, e o sacubitril-valsartana, usado desde o ano passado e que, segundo estudo de pesquisadores norte-americanos, é capaz de reduzir o risco de morte em 20% .
Quem faz tratamento para a insuficiência cardíaca não deve esquecer os cuidados com a saúde. Levar uma vida saudável é fundamental. Isso significa cuidar da alimentação e praticar exercícios físicos, seguindo sempre as recomendações médicas.
R7