Dados da SBN (Sociedade Brasileira de Nefrologia) mostram que aproximadamente 35% das pessoas com diabetes desenvolvem insuficiência renal no Brasil. Isso acontece devido à condição de nefropatia diabética, que surge de forma silenciosa mas que diminui progressivamente o funcionamento dos rins.
Segundo o nefrologista Henrique Carrascossi, os altos níveis de açúcar no sangue fazem com que os vasos sanguíneos se estreitem, provocando lesões renais que podem ser irreversíveis, levando à necessidade de diálise ou, em casos de maior gravidade, de transplante do órgão.
Por não apresentar sintomas nas fases iniciais, a melhor maneira de detectar uma lesão renal é por meio do exame de sangue chamado creatinina, o qual mede o funcionamento do rins; e do exame de urina, pelo qual é possível detectar a perda de proteína que pode indicar uma lesão.
“O mais importante de tudo é que o paciente diabético mantenha um bom controle da diabetes, porque se ele conseguir manter as taxas de açúcar e glicemia no sangue normais, isso vai diminuir as lesões renais e em outros órgãos”, avalia o nefrologista.
Para manter a glicemia sob controle e evitar problemas renais, a orientação do especialista é de que o paciente faça o uso correto dos remédios indicados por seu médico e mantenha uma dieta saudável, evitando o excesso de açúcar e carboidratos.
“Também é importante evitar o consumo de sal em excesso, que pode prejudicar os rins, de produtos industrializados e embutidos. Outra coisa importante é que o paciente evite tomar remédios sem orientação médica, principalmente anti-inflamatórios que são medicações que podem potencializar lesões nos rins”, explica Carrascossi.
Os sintomas da nefropatia diabética só aparecem quando a condição já se encontra em estágio avançado e o funcionamento do rim é menor que 30%. Nestes casos, a pessoa pode apresentar sinais como inchaço pelo corpo, diminuição do volume de urina, falta de apetite, náusea e vômito.
“Todos os pacientes diabéticos devem fazer exames para detectar se está acontecendo algum grau de lesão renal. Por se tratar de uma doença silenciosa, uma detecção precoce possibilita que haja reversão ou controle do quadro, impedindo uma sequela renal mais grave”, afirma Carrascossi.
Além disso, o médico explica que altas taxas de açúcar no sangue também podem desencadear lesões cardiovasculares, cerebrais e perda da visão devido a danos na retina.
Um quadro de insuficiência renal pode ser desenvolvido por qualquer pessoa com diabetes, mas, segundo a SBN, o problema é mais comum entre as diagnosticadas com o tipo 1 da doença, que correspondem a 25% dos casos; já entre as pessoas com o tipo 2 a incidência é de 5% a 10%.
O nefrologista Henrique Carrascossi explica que o diabético tipo 1 é aquele que já precisa iniciar o tratamento com insulina logo após o diagnóstico, o chamado insulino dependente.
“Nesses casos não adianta mais tomar medicação. Esses pacientes geralmente são jovens, a doença está relacionada com fatores genéticos e autoimunes”, afirma.
Já a diabetes tipo 2 é mais comum entre pessoas adultas, com histórico da doença na família, e o tratamento é realizado com medicação via oral.
“Essa pessoa pode evoluir para a necessidade de insulina se não fizer uma dieta balanceada, mas geralmente são os pacientes que estão com sobrepeso, não praticam atividade física, são obesos e não têm uma dieta equilibrada. A maioria das pessoas são diabéticos tipo 2”, ressalta Carrascossi.
R7