A violência no Rio de Janeiro prejudicou quase 70 mil alunos que ficaram sem aula pelo menos um dia desde o início do ano letivo de 2017. Foram 30 dias de paralisações em diferentes unidades municipais de ensino da capital fluminense desde o primeiro dia de aula, em 2 de fevereiro. Nesse mês, 32 escolas, oito creches e 17 Espaços de Desenvolvimento Infantil (EDIs) precisaram interromper suas atividades por causa de tiroteios em suas localidades. Foram dez dias de paralisações e 19.775 alunos sem aulas.
Em março, houve interrupção das atividades em 13 dias no mês, afetando 58 escolas, 35 creches e 31 EDIs, onde estudam quase 40 mil alunos. Até o dia de hoje (18), houve interrupções de aula em sete dias em 12 escolas, 14 creches e dez EDIs, prejudicando 13.158 crianças. Somente nesta manhã, segundo a Secretaria Municipal de Educação, Esportes e Lazer, duas unidades de ensino tiveram que fechar, prejudicando 792 crianças.
O secretário municipal de Educação, Esportes e Lazer, César Benjamin, esteve nesta manhã em uma unidade educacional no bairro do Jacaré, na zona norte do Rio, onde uma auxiliar levou um tiro de raspão no ombro esquerdo enquanto segurava uma criança. “Demos muita sorte por não ter acontecido algo mais grave, porque ela estava com uma criança no colo”, disse o secretário. A unidade atende 125 crianças da creche e quase 500 alunos até o sexto ano.
Benjamin diz que pretende formalizar protocolos claros e rígidos, elaborados em comum acordo com a Secretaria de Segurança Pública, para que a ação policial não ameace a rotina das escolas e a vida de seus integrantes. O secretário disse que vai solicitar aos comandos dos batalhões da Polícia Militar que recebam representantes das comunidades escolares de suas áreas de atuação para debater a situação em cada região da cidade e oferecer garantias públicas de que esses protocolos serão respeitados
Atualmente profissionais de escolas localizadas em áreas de difícil acesso recebem gratificação, que se enquadram em critérios baseados apenas na localização das mesmas. O secretário informou que pretende mudar esse protocolo para que a violência no entorno das escolas passe a compor a lista dos critérios estabelecidos para recebimento da gratificação.
No dia 30 de março, a estudante Maria Eduarda Alves, 13 anos, foi morta após ser baleada dentro da escola onde estudava em Acari, zona norte. Uma semana após a morte da menina, em encontro com o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, os parentes pediram a criação de uma lei que proíba operações policiais nas comunidades em horário escolar.
Agência Brasil