Uma faculdade de medicina do Japão reduziu deliberadamente as notas de exames de admissão de mulheres durante ao menos uma década, disse uma comissão de investigação nesta terça-feira (7), classificando a prática como um caso “muito sério” de discriminação, mas autoridades da universidade negaram ter conhecimento das manipulações.
O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, tornou prioridade a criação de uma sociedade “na qual as mulheres possam brilhar”, mas as mulheres japonesas ainda enfrentam muitos desafios para conseguir empregos e voltar ao trabalho depois de ter filhos, um dos fatores por trás do declínio da taxa de natalidade.
As alterações foram descobertas em uma investigação interna após uma acusação de corrupção relativa ao exame de admissão da Universidade de Medicina de Tóquio, o que provocou protestos e revolta.
Advogados que investigam acusações de corrupção no exame de admissão do filho de um funcionário graduado do Ministério da Educação disseram ter concluído que sua nota, e as de vários outros homens, foram reforçadas “injustamente” — em até 49 pontos em um caso.
Eles também concluíram que as notas foram manipuladas para dar mais pontos a homens do que a mulheres, diminuindo o número de mulheres aceitas, já que autoridades da escola acreditam que elas estão mais inclinadas a deixar a profissão depois de ter filhos, ou por outras razões.
“Esse incidente é realmente lamentável — por meio de procedimentos de recrutamento enganosos eles tentaram iludir os inscritos, suas famílias, autoridades da escola e a sociedade como um todo”, disse o advogado Kenji Nakai em uma coletiva de imprensa.
“Fatores que indicam uma discriminação muito séria contra as mulheres também foram parte disso”, acrescentou Nakai, um dos advogados externos que a universidade contratou para investigar o incidente.
O inquérito mostrou que as notas dos homens, incluindo alguns que já haviam sido reprovados uma ou duas vezes, foram aumentadas, enquanto as de todas as mulheres, e de homens que haviam sido reprovados ao menos três vezes, não foram.
Os advogados disseram não saber quantas mulheres foram afetadas, mas que parece que as notas dos exames das mulheres foram adulteradas durante ao menos uma década.
Na coletiva de imprensa, autoridades graduadas da escola se curvaram e desculparam, prometendo estudar “sinceramente” sua reação, como possíveis indenizações, mas disseram não estar a par da manipulação.
R7