O sepultamento do médico Perseu Ribeiro Almeida, morto em um ataque a tiros em um quiosque no Rio de Janeiro, parou a cidade de Ipiaú, no sul da Bahia, na manhã deste sábado (7). O velório foi encerrado às 9h40, quando o caixão foi levado em cortejo para o Cemitério Jardim da Saudade.
O comércio local fechou as portas para se despedir do conterrâneo e também como forma de protesto, para pedir paz. O clima de luto e comoção tomou conta do município, que tem apenas 46 mil habitantes.
Antes das 7h, horário estabelecido pela família para que outras pessoas pudessem acessar o Salão da Maçonaria, onde o corpo foi velado, já havia uma grande quantidade de moradores no local. Em poucos minutos, uma multidão se reuniu para se despedir de Perseu.
O baiano era conhecido em toda a cidade e visto como uma pessoa querida e caridosa, que atendia até quem não podia pagar pelos serviços médicos.
O corpo do baiano foi transportado em um voo fretado e chegou ao aeroporto de Ipiaú no fim da tarde de sexta-feira (6). De lá, seguiu para o Salão da Maçonaria, onde foi velado durante toda a noite de sexta e madrugada de sábado por amigos e familiares, sob forte comoção.
A assessoria do governador do estado, Jerônimo Rodrigues, confirmou que ele esteve no local e prestou condolências para os parentes.
Entenda o caso
Perseu Ribeiro Almeida estava com um grupo de amigos médicos no quiosque na Barra da Tijuca, quando todos eles foram baleados. Além do baiano, outros dois ortopedistas morreram e um ficou ferido.
Médicos mortos no Rio: o que se sabe sobre o caso
De acordo com familiares, o ortopedista baiano decidiu se hospedar no mesmo hotel onde acontecia o congresso em que participaria com medo da violência no Rio de Janeiro. A ideia era não precisar fazer grandes deslocamentos na cidade.
Conforme o tio de Perseu, Remo de Araújo, a mãe do médico demonstrou preocupação com a viagem do filho e não queria que ele viajasse. Entretando, animado com o evento internacional que reuniria grandes nomes da ortopedia, o baiano decidiu pagar mais caro e se hospedar no Hotel Windsor, onde está sediado o congresso.
A polícia acredita que Perseu foi sido confundido com um miliciano, e morto a tiros em um quiosque em frente ao local onde se hospedou.
Um dia antes de morrer, ainda na Bahia, Perseu encontrou familiares durante a comemoração do seu aniversário de 33 anos. Na ocasião, segundo o tio, o médico revelou que se preparava para realizar um dos sonhos do pai, que morreu em um acidente automobilístico em 2013: abrir uma nova clínica de ortopedia na cidade de Ipiaú, no sul da Bahia.
O ataque a tiros
O ataque a tiros aconteceu no Quiosque do Naná, na Avenida Lúcio Costa, na Praia da Barra da Tijuca, entre os postos 3 e 4. Perseu estava com outros três médicos no local:
- Diego Ralf Bomfim, 35 anos
- Marcos de Andrade Corsato, 62 anos
- Daniel Sonnewend Proença, 32 anos
Infográfico mostra como foi o assassinato dos três médicos no Rio — Foto: Arte g1
De acordo com a câmera de segurança do estabelecimento, por volta de 0h59 um carro branco parou sobre a faixa de pedestres em frente ao quiosque e três homens desceram do veículo. Eles foram em direção ao grupo de médicos e começaram os disparos. Perseu, Diego e Marcos morreram no local. Daniel foi socorrido com vida.
Outros clientes que estavam no estabelecimento relataram que os suspeitos não falaram com as vítimas e que foram mais de 20 disparos. Nenhum item dos mortos foi levado.
A Delegacia de Homicídios da Capital investiga o caso e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, determinou que a Polícia Federal acompanhe as investigações.
Nesta sexta-feira, o secretário da Polícia Civil do Rio, Renato Torres, confirmou que a ação que terminou com a morte dos médicos foi um engano.
“Não resta mais dúvida alguma de que os médicos foram assassinados por engano”, disse Torres.
G1