De cada 10 pessoas, 04 deixaram de ir ao médico durante a pandemia com medo da exposição e risco de se infectar, é o que revela a pesquisa Coronavírus e seu Impacto no Brasil. No entanto, médicos e outros profissionais da saúde chamam a atenção para os riscos de não se consultar regularmente. Doenças como câncer, diabetes e AVC continuam exigindo cuidados constantes e quanto antes forem descobertas, maiores as possibilidades de tratamento. Meirelayne Borges, professora adjunta do curso de Medicina da UNIFACS chama a atenção para este assunto.
Estima-se que, desde o início da pandemia, pelo menos 50 mil brasileiros deixaram de ser diagnosticados com câncer. Esse dado torna o assunto ainda mais relevante quando se leva em consideração que a cada quatro semanas de atraso no tratamento do câncer, as chances de morte aumentam até 13%. É o que apontou um estudo publicado em novembro pelo The British Medical Journal.
“As pessoas portadoras de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) sofrem duplo risco durante a pandemia: de um lado, o maior risco de formas graves da Covid-19. De outro, o risco de agravamento das doenças crônicas por falta do gerenciamento rotineiro das mesmas”, afirma a médica.
Segundo ela, portadores de doenças crônicas e pessoas com histórico familiar ou que apresentam fatores de risco (como sedentarismo, excesso de peso, tabagismo, entre outros), devem ficar mais atentas à frequência das consultas. “Os especialistas, como o próprio nome já indica, têm um saber especializado em uma área específica, e isso é fundamental para o manejo de determinadas condições. Mas é preciso não inverter a lógica da atenção à saúde. Sabe-se que 80% (ou mais) dos problemas de saúde são resolvidos na Atenção Primária de Saúde”, pontua Meirelayne.
Já para aqueles que permanecem com receio de realizar as consultas presencialmente, a telemedicina tem se mostrado uma alternativa eficaz, na opinião da médica. No entanto, “a indicação de teleconsulta não passa tão somente pelo critério de ‘as pessoas estarem receosas em sair de casa’, mas na viabilidade de abordagem à distância. Em outras palavras, existem situações em que a equipe de saúde detecta a necessidade de abordagem presencial, já que a telemedicina tem limitações”, acrescenta ela.
Nutrição como aliada da saúde
Além de se consultar regularmente, a alimentação é um fator essencial na hora de cuidar da saúde. A nutricionista e professora do curso de Nutrição da UNIFACS, Gabriela Nóbrega, afirma que os alimentos podem até mesmo ajudar a diminuir a ansiedade.
“De um modo geral, a nutrição tem um papel fundamental. Os grãos, vegetais, proteínas, cada alimento tem uma função no organismo e nós podemos fazer o melhor uso disso. Alguns alimentos dão mais disposição, outros têm uma função calmante, como é o caso da alface e dos chás de camomila, erva-doce e capim-santo, por exemplo”, destaca.
Com a pandemia, muitas pessoas tiveram sua rotina completamente modificada, o que também impactou em seus hábitos alimentares. Enquanto algumas estão cozinhando mais, outras preferem uso de delivery. “O delivery certamente tem a questão da praticidade, mas devemos sempre escolher opções mais saudáveis. Além de dar preferência para ‘comida de verdade’, ou seja, tudo aquilo que vem da natureza. São melhores para a saúde e não custam caro”, afirma a nutricionista.