Uma combinação de população pequena, baixa densidade demográfica, isolamento em relação a outros países e colaboração dos habitantes. Com esses fatores, a Islândia se tornou um exemplo no controle da pandemia do novo coronavírus e a vida está tão perto do normal que a eleição presidencial vai acontecer neste sábado (27).
Há cerca de duas semanas, o país voltou a receber turistas estrangeiros. Todos são testados para a covid-19 assim que desembarcam no aeroporto internacional Keflavik, na capital islandesa, Reykjavik.
Dessa forma, a Islândia tenta reativar a indústria turística, que costuma receber cerca de 2 milhões de turistas por ano e é responsável por cerca de 10% de seu PIB. Quem não se submeter ao teste tem de passar 14 dias em quarentena antes de poder conhecer o país. Mesmo assim, quem paga a conta é o governo.
Na eleição desde sábado, o atual presidente Gudni Johannesson, de centro-esquerda, concorre com o empresário Gudmundur Franklin Jonsson, de extrema-direita. As pesquisas apontam para uma reeleição tranquila de Johanneson.
Enquanto isso, nas ruas, a vida vai voltando ao normal para os islandeses. David Steimgrimsson, 52, voltou a dirigir seu táxi pelas ruas de Reykavik. Ele conta que ficou menos de um mês em quarentena.
O isolamento nunca chegou a ser obrigatório, mas a maior parte da população fez por conta própria, enquanto escolas e outros estabelecimentos permaneceram abertos. O alto número de testes, proporcionalmente à população, ajudou o governo a monitorar a evolução da doença no território islandês.
“Temos sorte de sermos poucos e estarmos isolados em uma ilha. Logo mais, poderemos receber turistas sem que eles precisem ficar em quarentena. Acreditamos que estamos a salvo e o vírus teve uma presença mínima aqui”, disse Steimgrimsson.
Os números mostram que ele tem razão. A Islândia, com 365 mil habitantes, teve 1.832 casos confirmados e apenas 10 mortes. Atualmente há 9 casos sendo tratados na ilha, todos leves. O último óbito aconteceu em meados de abril e um centro criado para atender pacientes com covid-19 foi fechado em maio.
“Agora já estamos com uma vida quase normal. Os bares e restaurantes já reabriram, mas todos estão fechando cedo, antes das 23h, e as pessoas ainda evitam um pouco ficar nos restaurantes”, relata ele.
Steimgrimsson teve sorte. Alguns meses antes do início da pandemia, ele vendeu um bar que tinha em Benidorm, perto de Valência, na Espanha, onde a doença atacou com mais força. Em Reykjavik, ele passou a quarentena na casa dos pais, com um cão e 5 gatos.
“O governo ajudou, deu dinheiro para todos que se isolaram poderem se manter e cortamos muitos gastos também”, diz o islandês, que lamenta ter perdido seu principal programa para o verão europeu. Ele tinha passagens e ingressos para 9 shows do ex-Beatle Paul McCartney em 6 países diferentes.
“Foi a vez que eu me organizei melhor e perdi, mas tudo bem. Já fui a 52 shows dele e meu objetivo era tentar chegar o mais próximo possível de 100, mas acho que vai ficar para outra vida”, brinca Steimgrimsson, cujo antigo bar na capital da Islândia se chamava Obla-di Obla-da.
R7