O Exército de Israel confirmou neste domingo (19) ter realizado bombardeios na área de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, em resposta ao disparo de um míssil antitanque e tiros contra tropas israelenses. A região está sob controle militar de Israel desde a ampliação da ofensiva no enclave palestino.
“Em resposta, o Exército começou a bombardear a área para eliminar a ameaça e desmantelar alçapões de túneis e estruturas militares usadas para atividades terroristas”, informou o porta-voz militar israelense em comunicado.
Testemunhas palestinas relataram à agência AFP que os confrontos começaram em uma parte da cidade de Rafah e foram seguidos por dois ataques aéreos.
A ação ocorre nove dias após o início de um cessar-fogo entre Israel e o Hamas. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ordenou “ações vigorosas contra alvos terroristas” em Gaza, após o que classificou como uma violação da trégua pelo grupo palestino. O gabinete do premiê afirmou que ele se reuniu com o ministro da Defesa e chefes de segurança para discutir as medidas militares.
Hamas nega envolvimento
O Hamas negou ter participado de qualquer ataque em Rafah e declarou não ter conhecimento de confrontos na região. “Reafirmamos nosso total compromisso com o cessar-fogo em todas as áreas da Faixa de Gaza”, afirmaram as Brigadas Ezzedine Al-Qassam, braço armado do grupo, em comunicado.
Segundo uma fonte do Hamas citada pela AFP, os combates em Rafah teriam começado após uma operação interna do grupo contra uma milícia rival, as chamadas “Forças Populares”, lideradas por Yasser Abu Shabab. A mesma fonte afirmou que tropas israelenses teriam intervido em apoio a Shabab, o que resultou em intenso fogo cruzado e na destruição de uma escavadeira israelense.
No sábado, os Estados Unidos alertaram que tinham “informações confiáveis” sobre uma possível violação do cessar-fogo por parte do Hamas, em um ataque planejado contra civis palestinos. O grupo rejeitou a acusação, afirmando que Israel estaria apoiando milícias locais responsáveis por “assassinatos, sequestros e roubos de ajuda humanitária”.
Pressão interna em Israel
O episódio reacendeu pressões dentro do governo israelense por uma retomada total da ofensiva militar na Faixa de Gaza. O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir — conhecido por sua postura ultranacionalista —, pediu ao primeiro-ministro que ordene “combates com força total”.
“As falsas suposições de que o Hamas cumprirá o acordo estão se mostrando perigosas para nossa segurança, como esperado”, afirmou Ben Gvir em publicação na rede X.
Israel e o Hamas vivem um cessar-fogo frágil desde o início de outubro, após meses de intensos combates. A escalada em Rafah, segundo analistas, pode representar o fim da trégua e reacender uma nova fase da guerra.