A calma voltou, neste domingo (14), à Faixa de Gaza e a Israel, após entrar em vigor um cessar-fogo que pôs fim a cinco dias de confrontos. Pelo menos 35 pessoas morreram e centenas ficaram feridas.
O Cogat, órgão do Ministério israelense da Defesa que supervisiona as atividades civis nos territórios palestinos, anunciou hoje “a reabertura parcial e progressiva” das passagens de fronteira de Erez, que permitem o trânsito de palestinos por Israel.
Também foi aberto o Kerem Shalom, único ponto de passagem israelense para levar mercadorias para a Faixa de Gaza, um território palestino controlado pelo movimento islâmico Hamas, onde vivem 2,3 milhões de pessoas.
A “abertura completa” será possível após novas avaliações da situação, acrescentou o Cogat, em comunicado.
Desde terça-feira (9), os confrontos entre Israel e grupos armados de Gaza mataram 34 palestinos, e cerca de 190 pessoas ficaram feridas no enclave, segundo o Ministério palestino da Saúde. Do lado israelense, uma senhora de 80 anos morreu na quinta-feira (18), em Rehovot, no centro de Israel, e 30 pessoas ficaram feridas.
A trégua negociada pelo Egito, tradicional mediador entre o exército israelense e os grupos armados palestinos em Gaza, entrou em vigor no sábado às 22h, horário local (16h no horário de Brasília).
Apesar do cessar-fogo, um foguete foi disparado contra Israel neste domingo. Caiu em um terreno baldio, de acordo com um comunicado divulgado pelo exército israelense.
Em sua tradicional missa dominical no Vaticano, o papa Francisco expressou sua esperança de que se chegue a um cessar-fogo mais duradouro, “porque as armas não trarão segurança, nem estabilidade”.
Na Faixa de Gaza, os moradores lamentaram os estragos causados pelos ataques israelenses, que destruíram 51 casas e forçaram o deslocamento de cerca de 950 pessoas, segundo a ONU.
“Estamos na rua, não há casa para os meus filhos”, disse à AFP Mohammed al Louh, de 69 anos, que teve sua casa destruída no sábado, no acampamento de refugiados de Nuseirat.
As autoridades israelenses suspenderam hoje as restrições ao movimento de moradores de zonas limítrofes, que passaram vários dias trancados em abrigos pelos foguetes disparados da Faixa de Gaza.
“Tivemos muito medo”, desabafou Yael, na cidade costeira de Ashkelon. “Ficar quatro dias trancada em casa é muito difícil (…), agora voltamos a respirar”, acrescentou uma mulher de 60 anos.
Israel e a Jihad Islâmica, grupo considerado uma “organização terrorista” por Israel, pela União Europeia e pelos Estados Unidos, concordaram em respeitar o cessar-fogo. Ambas as partes advertiram, no entanto, que não hesitarão em retomar a violência, em caso de descumprimento do pacto.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, celebrou neste domingo um cessar-fogo “perfeitamente” executado. “Hoje, os inimigos de Israel em Gaza e além sabem que, mesmo que tentem se esconder, podemos e vamos alcançá-los”, declarou ele, no início de uma reunião de gabinete.
No território palestino, a Jihad Islâmica alertou Israel contra “qualquer ação estúpida, ou assassinato de comandantes da resistência palestina”.
A calma voltou a Gaza, mas houve confrontos na Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967.
O Exército também informou a detenção, em Nablus, de dois palestinos suspeitos de terem disparado contra as forças de segurança, ferindo dois soldados em 25 de março, em Huwara.
A escalada mortal desta semana é a maior onda de violência entre os dois lados desde agosto de 2022.
Entre os palestinos mortos, estão seis comandantes da Jihad Islâmica, assim como combatentes desse movimento e da Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP), outro grupo armado.
O Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA) confirmou a morte de pelo menos 13 civis, sete deles menores de idade. O Exército israelense afirma que quatro civis, três deles menores, foram mortos por foguetes palestinos que caíram dentro da Faixa.
De acordo com um oficial do exército israelense, os palestinos dispararam 1.468 projéteis na direção do território israelense, incluindo 1.139 que passaram por seu espaço aéreo. O exército disse ter conseguido interceptar 430 deles.
G1