Nos últimos anos, a saúde mental tem sido foco de discussões em diversas esferas da sociedade. No Brasil, dados da edição 2023 do relatório anual do Estado Mental do Mundo revelaram que o país tem o terceiro pior índice de saúde mental em um ranking com 64 países. A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que o país também possui o maior número de pessoas ansiosas, com 9,3% da população diagnosticada. Esses dados têm chamado a atenção de diversas autoridades de saúde que vêm buscando intensificar as campanhas de prevenção e cuidados com a saúde mental dos brasileiros.
Um exemplo notável é a campanha Janeiro Branco, criada em 2014 pelo psicólogo Leonardo Abrahão. O objetivo da campanha é conscientizar a população sobre a relevância dos cuidados com a saúde mental através da prevenção de doenças provocadas pelo estresse, incluindo os distúrbios mentais mais frequentes, como ansiedade, depressão e pânico.
Roberto Maia (CRF – BA: 6434), farmacêutico do Instituto de Hematologia e Hemoterapia de Feira de Santana (IHEF), destaca que a regulação hormonal é crucial para esse cuidado. O profissional explica que alterações podem estar ligadas a diversas condições mentais. “É importante estar atento à dosagem de hormônios para avaliação da função tireoidiana, como o TSH, T3 e T4. Um desequilíbrio desses hormônios pode causar sintomas como ansiedade, fadiga e depressão”, explica.
O farmacêutico aponta que o cortisol, outro hormônio essencial para o diagnóstico e tratamento de transtornos mentais, pode sinalizar níveis de estresse psicológico diretamente ligados à ansiedade e depressão. “Além disso, a testosterona e o estradiol também precisam ser acompanhados, já que mudanças nos seus níveis sanguíneos podem influenciar o humor e a qualidade de vida”, acrescenta.
O cuidado na prática
Em 2019, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que os idosos entre 60 e 64 anos representavam uma faixa etária consideravelmente afetada por problemas relacionados à saúde mental no Brasil, sendo 13,2% dessa população diagnosticada com depressão. Essa realidade tem despertado o interesse da população para a relevância de um acompanhamento constante da saúde mental dos idosos.
Em Feira de Santana, o Centro de Convivência Isa e Almerinda busca mudar essa realidade a partir do acolhimento de diversos idosos da cidade. O projeto social atende gratuitamente mais de 300 pessoas acima de 60 anos, que buscam qualidade de vida por meio de atividades de aprendizado e entretenimento.
Flávia Freitas, coordenadora do Centro, ressalta que a participação de idosos em centros de convivência pode ter um impacto positivo na saúde mental, pois promove a interação social e o engajamento cognitivo. “Além disso, a participação e a interação entre essas pessoas podem trazer benefícios para os familiares, diminuindo a sobrecarga e o estresse”, afirma.
A profissional aponta que o cuidado com a saúde mental do idoso colabora para que o indivíduo lide com o processo de envelhecimento de maneira mais natural e saudável, evitando muitas doenças crônicas. “Isso inclui ações para promover a saúde mental, oferecer assistência e cuidado, além de ajudar na recuperação e reintegração de pessoas com sofrimento mental e outros problemas de saúde relacionados ao uso de álcool”, finaliza.