Jolivaldo Freitas
Como se tratava de um DJ conhecido, o tal do Ivis e a cena foi gravada num celular ficou fácil julgar e condenar, na perspectiva do povo, o espancamento que ele ensejou contra sua companheira e foi um tal de famosos e influentes caírem de pau sobre o agressor e políticos – notadamente mulheres da política – buscarem ações para seu processo e almejada condenação. O julgamento popular e notadamente dos seus seguidores já é uma forma cruel de punição e ele sentiu isso na pele. Foi pior que vingança.
No Brasil uma em cada quatro mulheres foi vítima de algum tipo de violência durante a pandemia do Coronavírus no Brasil. Levantamento de um instituto de pesquisa, feito em junho, apontava a morte de 1.338 mulheres, com crescimento de 2% no número de casos de feminicídios. São Paulo, Minas, Bahia e Rio Grande do Sul os estados com mais “machões”.
Ficou patente nas informações levantadas que a violência é geralmente efetuada por maridos, companheiros, ex-companheiros ou algum tipo de pretendente das mulheres vitimadas. Sem querer entrar no mérito da discussão política, diversos especialistas pesquisados garantem que a elevação nos índices de feminicídio tem relação direta, também, com o impacto negativo das políticas de afrouxamento das regras de controle de armas e munição patrocinadas pelo presidente Jair Bolsonaro. É real, tanto no Brasil, como em diversos outros países. El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia passam pelo mesmo problema. São os líderes na violência contra a mulher. O Brasil está em quinto lugar.
As mortes violentas por Questão de gênero crescem gradualmente em todo o mundo. O Brasil já seguindo para a quarta posição, o que se trata de mais uma tragédia a ser computada na nossa conta. Especialistas procuraram identificar o tipo de pessoa que agride mulher e, pasme: passa como cidadão comum, que nunca deu entrada numa delegacia, em sua maioria. Mas na realidade esse “doente” é capaz de espancar também o filho ou bater na mãe. Pior nisso tudo é quem convite no dia a dia com tal peçonha não acredita que ele foi capaz de tamanho ato. Por que? Porque essa bestialidade familiar está impregnada no seio da sociedade brasileira com tal intensidade que chega a ficar invisível. Quem bate em mulher e mesmo um escroto. Cadeia nele. Ainda peguei uma nesga de tempo em que se dizia que “em mulher não se bate nem com uma flor”.
————————————————–
Jolivaldo Freitas é Jornalista e escritor