Já vou dizendo que sou torcedor do Bahia, mas torço por demais pelo futebol baiano, e faz tempo que não vejo uma situação tão constrangedora como agora, em que Bahia e Vitória estão mostrando que são mesmo times de segunda categoria e que vivem de história, do passado glorioso, coisa que as crianças de agora não sabem e pelo jeito irão se tornar adultos e não saberão.
Do Bahia, que gasta milhões e não consegue ter um time que leve suas cores para um patamar melhor, e que é aquela agonia eterna de chegar no Campeonato Brasileiro e ficar contando pontos para ver se cai ou não cai, vou deixar para falar depois. Enquanto isso, é capaz do Bahia pagar mais a um estatístico que a um jogador. O profissional de estatística tem sido o mais importante para o clube, nos últimos anos. Quando o ideal era ter bons marcadores e goleadores.
Quando ao Vitória, a situação está tão ruim que eu acho até que eleger Paulo Carneiro – de triste memória para o clube rubro-negro – pode ser uma saída. Aquele negócio: fazer o quê se a correnteza está levando. Se agarrar no primeiro tronco de banana que passar, mesmo que sobre ele estejam cobras e escorpiões.
Daí que muita gente tem perguntado o motivo de tanta celeuma quanto à homologação do nome de Paulo Carneiro como candidato à presidência do Vitória. Quem fizer uma viagem às páginas dos jornais e aos arquivos das rádios do seu período como presidente vai ficar bestificado. Foram tantas coisinhas graúdas e miúdas, como diria Roberto Carlos.
Mass ninguém pode ser pior do que o último presidente que passou por lá – que não me conhece, mas o conheço desde antes da adolescente lá na rua da Imperatriz, pelas bordas do Barreiro. Tanto que alguns amigos de lá não entenderam nada quando souberam que ele seria presidente do glorioso Vitória. Ricardo David? Tem certeza? Não vai dar certo. Uns riram, outros balançaram a cabeça e nem o diácono Joselito Bispo dos Santos, das Paróquia da Boa Viagem, rubro-negro doente e que é unha e carne com Nosso Senhor Bom Jesus dos Navegantes acreditou que o clube teria uma viagem tranquila com David.
Fico aqui sorumbático rememorando o tempo bom em que o Bahia metia medo até no Santos de Pelé quando tinha de vir jogar na Fonte Nova. Bons tempos em que o Vitória chegava pelo menos nas semifinais em campeonatos nacionais e dava azar; mas azar não se pode evitar. Imagine agora. Depender de Paulo Carneiro é melhor que ficar na fossa. Literalmente.
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Jolivaldo Freitas
Escritor e jornalista: [email protected]