Nos próximos três meses, os principais itens a serem comprados pelos jovens brasileiros são as roupas (62%), os calçados (48%) e os cosméticos ou perfumes (44%). Entre os desejos que não serão concretizados por falta de crédito que facilite a aquisição aparecem carro e moto (35%), viagens (26%), faculdade (22%) e celular ou smartphone (18%).
Os dados, presentes na pesquisa sobre o consumo e utilização responsável de crédito e dinheiro pela juventude, realizada pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas), mostra que os gastos relacionados a educação estão nos planos de poucos jovens: 9% querem fazer intercâmbio ou curso de línguas fora do País e 8% planejam uma pós-graduação ou MBA. Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o baixo índice de jovens interessados em investir na formação acadêmica é preocupante.
— Com o mercado de trabalho cada vez mais exigente, o jovem deveria encarar a educação como um investimento e priorizar esse tipo de gasto ao invés de outros itens de consumo que poderiam ser adiados. O jovem precisa trabalhar para sobreviver e, às vezes, a educação fica em segundo plano. É uma questão de prioridade e que foi mais agravada pela recessão que o País atravessa.
Dentre os que planejam alguma compra de grande valor para os próximos 12 meses, 60% afirmam ter reservas financeiras para esta finalidade, sendo que 31% vão continuar guardando para comprar à vista. Dos que não possuem reserva (40%), metade diz que vai fazer bicos para conseguir juntar o dinheiro, principalmente nas classes C, D e E (24%). Somente 3% não pretendem adquirir algum item mais caro.
Impulso
A pesquisa aponta ainda que a maioria dos jovens brasileiros são impulsivos na hora da compra: 77% já se arrependeram ao comprar o que não precisavam. Além disso, o estudo revela que o consumo é valorizado pela maioria dos jovens, sendo que 86% afirmam que comprar aquilo que querem é uma das grandes alegrias da vida e três em cada quatro (75%) dizem que o objetivo na vida é trabalhar muito para poder adquirir bens como carro, celular, roupas, entre outros.
Por mais que 79% digam não se importar com marcas na hora da compra, mas sim com a qualidade do produto, quatro em cada dez jovens afirmam que os bens que a pessoa possui mostram seu estilo, personalidade e valores (38%), e 36% também valorizam quando a pessoa chama atenção por onde passa por conta de estilo de vida e coisas que possuem.
Em alguns casos, o consumismo gera comportamentos inadequados, como brigar com parentes pela forma como gastam seu dinheiro (23%) e deixar de pagar contas para adquirir um item desejado (19%). Kawauti avalia que o jovem deve ficar atento aos seus hábitos financeiros para não ter problemas no futuro.
— É importante que o jovem identifique e elimine desde cedo atitudes da sua vida financeira que possam trazer endividamento, atrasar e até mesmo inviabilizar a realização de sonhos importantes. […] A pessoa pode aproveitar a vida, fazer uma grande viagem e financiar os estudos, desde que defina quais são as prioridades. A partir de então, é importante disciplina para atingir um objetivo de cada vez e evitar fazer compras não planejadas, que podem atrasar a realização do sonho.
Economia
Ainda que os jovens não tenham problema em admitir o gosto pelo consumo, a maioria dos entrevistados (86%) garante que sempre pesquisa antes de fazer alguma compra e 62% sempre pedem descontos. Também visando gastar menos, 75% dos jovens controlam a conta do telefone mês a mês e 75% falam ao celular apenas o necessário. Já 73% preferem conversar por mensagens ou aplicativos para economizar.
O planejamento de compras faz parte da rotina de uma quantidade significativa dos entrevistados: 82% se planejam para compras do dia a dia e 77% para as compras de produtos mais caros e 79% se preparam e sabem exatamente quanto têm para gastar. Para não comprometer o rendimento mensal, 67% afirmam evitar fazer compras parceladas.
Com relação a práticas que ajudam a economizar dinheiro, a pesquisa mostra que 76% dos jovens deixam de comprar um produto novo se o que ainda possui pode ser consertado, 44% adquirem usados em bom estado, 43% alugam ou pegam emprestado o que não utilizam com frequência e 40% vendem muitos produtos que não usam para ganhar um dinheiro extra.
R7