Uma juíza que atua em Minas Gerais publicou em uma rede social, na noite desta segunda-feira (4), um vídeo em que ela faz um “passo a passo” sobre como andar sem máscara dentro de um shopping.
A juíza Ludmila Lins Grilo aparece na gravação dentro de um centro de compras, segurando um sorvete, enquanto explica como burlar a lei de proteção contra a covid-19.
A localização da postagem está marcada na cidade de Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro. “Passo a passo para andar sem máscara no shopping de forma legítima, sem ser admoestado e ainda posar de bondoso”, escreveu a magistrada. Veja a publicação:
Investigação
Dois dias antes do vídeo ser publicado no Twitter da juíza, o advogado José Belga Assis Trad, de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, escreveu um ofício para o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) pedindo que o órgão investigue a conduta da magistrada.
O pedido foi feito com base em outras publicações em que a magistrada, admiradora do escrito Olavo de Carvalho, guru do presidente Bolsonaro, ironiza as medidas de proteção contra o novo coronavírus. No dia 1º de janeiro deste ano, a advogada publicou outro vídeo que mostra diversas pessoas andando na Rua das Pedras, pontos turísticos de Búzios, no litoral fluminense, afirmando que o município estaria resistindo ao que ela classificou como “estupidez”. “Uma cidade que não se entregou docilmente ao medo, histeria ou depressão”, escreveu em seguida.
Mais cedo, ela também postou uma gravação que mostra turistas acompanhando a queima de fogos da virada de ano na cidade. A publicação foi acompanhada com a hashtag “#AglomeraBrasil”.
“Ao se manifestar contra as recomendações das autoridades sanitárias, embora não tenha formação e não seja médica sanitarista, o público que tem acesso ao conteúdo das postagens da doutora Ludmila Lins Grilo passa a confundir a opinião, infundada, da magistrada com a da magistratura”, defendeu o advogado José Belga Assis Trad ao pedir a investigação contra a juíza.
Outro lado
Ludmila Lins Grilo é juíza na Vara Criminal e da Infância e da Juventude, na comarca de Unaí, a 590 km de Belo Horizonte. Um servidor da unidade informou ao R7 que a magistrada está de recesso e só volta a trabalhar na próxima quinta-feira (7). O funcionário disse que apenas a juíza poderá se manifestar sobre o assunto.
A reportagem também procurou o TJMG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais) e a o CNJ para comentar sobre o caso, mas ainda não teve retorno.
R7