Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a anemia é definida como uma condição na qual o conteúdo de hemoglobina no sangue está abaixo do normal em virtude de alguns fatores, como carência de um ou mais nutrientes essenciais, como ferro, zinco, vitamina B12 e proteínas, o que gera riscos à saúde que podem se agravar sem o tratamento adequado. Ainda de acordo a OMS, 30% da população global é anêmica, principalmente crianças de até dois anos de idade e mulheres adultas, apesar de também poder acometer adolescentes, homens e idosos.
No Brasil, o Ministério da Saúde (MS) aponta que mais de 20% das crianças abaixo de cinco anos apresentam a doença, assim como cerca de 29% das mulheres adultas. Devido a isso, a campanha junho laranja foi criada, com o intuito de diagnosticar, prevenir e tratar precocemente a anemia.
No Estado da Bahia, entre 2015 e 2023, foram realizadas 17.598 internações por transtorno falciforme. A maior parte ocorreu durante o ano de 2019 (1.625). Quando analisadas as internações segundo o sexo do indivíduo, os homens apresentaram maior porcentagem (51,4%) em 2023 quando comparados às mulheres (49,1%), tendência que se manteve nos últimos 10 anos.
Casos notificados:
O número de casos notificados de transtornos falciformes em 2023 se deu, majoritariamente, entre as mulheres (53,9%) quando comparadas aos homens (46%), tendência que se manteve entre 2017 a 2023, de acordo com os dados da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (SESAB) divulgados em abril deste ano.
Causas multifatoriais:
Conforme a hematologista da Hapvida NotreDame Intermédica, Harsumi Iwamoto, há vários tipos de anemias, que podem ocorrer por diversos motivos. “Há as anemias carenciais, desencadeadas por deficiência de ferro, ácido fólico ou vitamina B12. Há também as que ocorrem devido a problemas na medula óssea, a fábrica do sangue, como é o caso de leucemias, mieloma múltiplo, anemia aplásica ou síndromes mielodisplásicas. Temos também as hereditárias, como a doença falciforme, talassemias, esferocitose hereditária etc. E ainda podemos ter anemia por excesso de destruição das células sanguíneas, conhecido como hemólise, que pode ser tanto de origem hereditária, quanto autoimune”, explica.
Os sintomas são geralmente inespecíficos e dependem do tipo de anemia, do valor da hemoglobina (quanto mais baixo, maior o desconforto) e da velocidade de instalação dessa condição. “Anemias que se desenvolvem de forma insidiosa tendem a ser menos sintomáticas do que aquelas de início súbito, mesmo com valores semelhantes de hemoglobina”, ressalta.
A especialista esclarece que para evitá-la são necessários alguns cuidados, como manter uma alimentação adequada, que ofereça uma ampla variedade de micro e macronutrientes, além de evitar o consumo de bebidas alcoólicas.
“Além disso, há grupos de risco mais suscetíveis, como gestantes, bebês prematuros e crianças de dois a seis anos de idade, pois recebem suplementação de ferro de forma profilática; adolescentes, devido ao estirão do crescimento e ao início da menstruação, pessoas que já fizeram cirurgia gástrica e pessoas com doenças disabsortivas, como a doença celíaca”, complementa.
Diagnóstico e tratamento:
O diagnóstico se dá por meio do hemograma, que mostra a presença ou não da anemia, mas geralmente são necessários outros exames complementares para diagnosticar qual o tipo. “Podem ser exames de sangue, como dosagem de vitaminas, de produtos de degradação das hemáticas, função tireoidiana, testes sorológicos e, em alguns casos, indica-se o exame da medula óssea, com mielograma ou biópsia”, elucida Hatsumi.
Segundo a médica, o tratamento vai depender da causa da anemia. “Como são diversas causas, há inúmeros tratamentos disponíveis. De forma geral, sempre devemos investigar a carência de algum nutriente e fazer a reposição quando necessário. Doenças oncohematológicas geralmente são tratadas com quimioterapia. As anemias hemolíticas autoimunes são manejadas com corticoterapia ou imunossupressores. Para casos graves de anemia, pode ser necessária a transfusão de sangue. Mas cada caso deve ser avaliado individualmente”, frisa.