O Tribunal de Justiça de São Paulo, por meio da juíza Sueli Zeraik de Oliveira Armani, acatou o pedido de Suzane von Richtofen e proibiu o lançamento, divulgação e comercialização de “Suzane, assassina e manipuladora”. O livro-reportagem, agora produzido pela editora Matrix e escrito pelo jornalista Ulisses Campbell, trata da história da responsável pela morte dos próprios pais.
Na decisão, Sueli Armani argumentou que Campbell, autor da obra, não teve contato com Suzane durante a apuração e destacou como defesa o direito da presa à proteção contra qualquer forma de sensacionalismo. A magistrada disse ainda que a imagem da condenada já é naturalmente atingida pelo fato da condenação, que, com a publicação, seriam irreparáveis os danos causados à detenta, e que o livro não é de interesse público.
Procurado pela reportagem do R7, Campbell disse que viu a proibição “como uma censura prévia, pois a juíza julgou uma obra que ainda nem existe”. Além disso, ele afirmou que espera que a Justiça reveja essa decisão e autorize a publicação do livro, resultado de três anos de apuração.
Advogado do autor, Alexandre Fidalgo afirmou que recorrerá da liminar na próxima semana: “Essa decisão é censura prévia clássica. Impedir a publicação de um livro, que nem está editado, sob o argumento errático que o personagem não é uma figura de interesse público é um erro sério. E fosse qualquer justificativa, não tem amparo jurídico. Esse é um fato jornalístico e Campbell fez um trabalho sério.”
Suzane von Richtofen teve pedidos pela não publicação do livro indeferidos em outras instâncias desde outubro, mas ingressou paralelamente com “pedido de providências” à Corregedoria dos Presídios, acatado pela juíza Sueli Armani.
A reportagem procurou pela defesa de Suzane von Richtofen, que não respondeu até a publicação deste texto.
Confira a nota oficial divulgada pela Matrix, editora do livro:
A Matrix Editora vai recorrer da liminar da juíza Sueli Zeraik de Oliveira Armani, da Vara de Execuções Criminais de Taubaté (SP). Na decisão provisória de 12 de novembro, ela proibiu a “publicação, veiculação, distribuição, comercialização do livro-reportagem “Suzane, assassina e manipuladora””. Na liminar, ela acata o pedido feito pela detenta. A juíza alega que Suzane não foi entrevistada e que a obra tem informações sigilosas do processo de execução penal, como laudos psicológicos. “Todo o conteúdo do livro não traz nenhuma informação sigilosa, ao contrário do que sugere a juíza. Não entendo como ela pode proferir tal decisão sem saber do conteúdo da obra. Para mim, isso se trata de censura prévia” – diz Paulo Tadeu, proprietário da Matrix Editora. A juíza acrescenta ainda que a obra não é de interesse público e que traz danos morais irreparáveis para Suzane. A obra está prevista para ser lançada em janeiro de 2020.
O crime
Suzane foi condenada por matar os pais Manfred e Marísia von Richthofen em outubro de 2002, ao lado dos irmãos Cristian e Daniel Cravinhos. O casal foi morto a pauladas enquanto dormia. Suzane foi condenada a 39 anos de prisão porque foi considerada mentora do crime e desde 2015 está no regime semiaberto.
Daniel Cravinhos foi condenado a 39 anos de prisão pelos homicídios, mas já cumpre pena no regime aberto. Cristian estava na mesma situação, mas foi preso novamente e condenado a 4 anos de prisão por posse ilegal de munição e suborno de policiais após se envolver em uma confusão num bar em Sorocaba, no interior paulista.
R7