O laudo feito pela polícia no aparelho celular de Monique Medeiros, obtido pela Record TV neste sábado (10), indica que ela, que é mãe do menino Henry Borel, de 4 anos, sabia das agressões sofridas pelo filho.
Mesmo com as mensagens apagadas, fotos foram passadas a ela pela babá da criança. As imagens mostravam hematomas. Thayná de Oliveira deve ser ouvida novamente pela polícia, uma vez que, no primeiro depoimento, ela afirmou que “havia harmonia no lar”.
A babá chegou a ir à delegacia nesta sexta-feira (9), mas teria ficado assustada com a quantidade de pessoas no local, chorou e não entrou no distrito policial.
Nos próximos dias, a nutricionista e ex-mulher do vereador Dr. Jairinho, suspeito de matar o enteado, deve também depor à polícia. Em 2014, ela registrou um boletim de ocorrência contra o então companheiro por violência doméstica.
Ainda a empregada de Monique e Jairinho deve depor. Ela limpou o quarto onde a criança dormia antes da chegada da perícia.
A polícia também analisa os dados do celular da babá, que foi apreendido.
Pai de Henry
O pai de Henry, Leniel Borel, afirmou ter recebido com “tristeza, dor e raiva” a conclusão da investigação da morte do filho que resultou na prisão temporária da mãe da criança, Monique Medeiros, e do padrasto, Dr. Jairinho, na quinta-feira (8).
Em entrevista ao Balanço Geral RJ, Leniel relembrou que, dias antes da morte, questionou a ex-mulher sobre as queixas de Henry de que o “tio [Jairinho] o machucava”.
Ao falar com Monique, a professora argumentou: “Tira isso da sua cabeça, Leniel. Não tem nenhuma possibilidade disso acontecer”, ressaltando que o menino estava sempre acompanhado por ela ou pela babá.
Leniel contou ainda que a avó materna ainda justificou a fala de Henry como uma “invenção” para não ir à casa da mãe.
O pai disse ter alertado Monique que voltaria a conversar com ela, caso o filho aparecesse com algum hematoma. Apesar dos fatos revelados, o engenheiro afirmou ter demorado a acreditar que Monique pudesse ser conivente com qualquer violência contra o filho.
“Nos últimos dias, a gente ouviu muito falar sobre quem era Jairinho. Não sabia e comecei a ouvir coisas que se praticava até com ex-mulheres dele. Esse perfil já estava sendo traçado. Mas o envolvimento de Monique, a mãe. Não sei se a ficha não caiu, dói demais. Mas não sei como uma mãe não pode ter protegido o filho dela”, afirmou Leniel.
O casal é suspeito de homicídio duplamente qualificado. O laudo do IML (Instituto Médico Legal) apontou que o corpo da criança apresentava múltiplas lesões, o que levou a polícia a descartar a hipótese de acidente. A causa da morte foi hemorragia interna provocada por grave lesão no fígado.
Na prisão
Monique está em quarentena por 14 dias na cadeia pública por causa do coronavírus. Ela dorme em uma cela de 6 m², com beliche, e não tem água quente.
Ela foi exonerada do TCM-RJ (Tribunal de Contas do Rio de Janeiro) após a prisão temporária. Em nota, o órgão informou que Monique está de licença especial sem remuneração desde o dia 24 de março e, a partir da data, sem vínculo com o Tribunal, que já iniciou o procedimento administrativo interno de devolução da mesma à prefeitura, onde trabalhava como professora.
O vereador Dr. Jairinho, que foi afastado do Conselho de Ética da Câmara e expulso do partido Solidariedade, está preso em Bangu 8. Ele está há 15 anos na política e pode ter o mandato cassado.
Por ser médico, apesar de não ter exercido a profissão, ele é investigado pelo CRM (Conselho Regional de Medicina) por omissão de socorro à criança.
R7