O radialista Leandro Guerrilha (PL) está de volta à Câmara dos Vereadores de Salvador. Ele exerceu o primeiro mandato entre 2013 e 2017. Na eleição passada, com 4.376 votos, ficou na primeira suplência, aguardando uma vaga. A vaga veio, mas de uma forma inesperada. Ele acabou substituindo o cantor gospel Irmão Lázaro, seu amigo pessoal, mais uma vítima da Covid-19. A coincidência não para por aí. Guerrilha, que é cantor e compositor, também desenvolve trabalho social e é defensor da “família” e das pessoas em situação de vulnerabilidade social. O novo vereador quer dar continuidade ao trabalho do colega, não só na política, mas também no apoio às instituições sociais. Guerrilha também apoia projetos de revitalização do samba junino e desenvolve iniciativas voltadas à inclusão social.
Diga Bahia – Vereador, você conquistou uma votação expressiva, aguardava o momento de retornar à Câmara, mas essa volta aconteceu justamente diante de um fato triste, a morte do Irmão Lázaro. E essa vaga vem ainda no início do mandato. Como você avalia esse momento?
Leandro Guerrilha – Quando temos nossa vida entregue a Deus a gente sabe que Ele nos reserva surpresas e desafios. Foi uma triste surpresa para todos nós o que aconteceu com o Irmão Lázaro, mais um vítima dessa tragédia que acomete o mundo inteiro. Abro aqui um parêntesis para dizer às pessoas que devem continuar se cuidando e cada vez mais. Não sabemos quanto tempo essa pandemia vai durar e como ainda vão evoluir essas cepas. Ninguém está a salvo. Nem mesmo quem já teve o coronavírus, como eu mesmo que fui contaminado. Irmão Lázaro foi meu amigo de infância. Éramos muito próximos e isso me doeu mais ainda. O sentimento é também dúbio, por ao mesmo tempo ser amigo dele e compartilhar as mesmas preocupações, em defesa das famílias. Já fui ao centro de recuperação apoiado por ele, um projeto maravilhoso de recuperação de vidas. Nossas bandeiras convergiam para um mesmo ponto. Precisamos defender as famílias. Meu trabalho nunca esteve para asfalto ou prédios, sempre para as pessoas… Mães, mulheres, crianças. Nosso mandato segue a mesma linha do primeiro, exercido entre 2013 e 2017.
Diga – Já no início do mandato você apresentou um projeto voltado para esse público, não é mesmo?
LG – Isso. Nosso objetivo é proibir que agressores condenados pela justiça possam assumir cargos em poder público ou celebrar contratos enquanto estiverem cumprindo pena. É a nossa missão, em acordo com a Lei Maria da Penha. Homens agressores têm que pensar que a vida deles vai estar completamente comprometida profissional e moralmente. Impedir por exemplo que casos como o do goleiro Bruno, que ainda cumpre sentença e continua atuando hoje como se nada tivesse acontecido na vida dele. Queremos acabar com esse disparate, essa sensação de impunidade.
Diga – Realmente, esse exemplo do goleiro Bruno ressalta justamente essa impunidade no País…
LG – Ele retornou ao futebol profissional. É um absurdo. Enquanto for cumpridor de pena, deveria ser proibido de atuar profissionalmente no esporte, que é uma área onde os profissionais são ídolos, exemplos. Uma vida perdida não volta. A dele continua.
Diga – Você disse que não só assumiu a vaga do Irmão Lázaro, como deu continuidade aos projetos dele…
LG – Já tínhamos essa bandeira. Sempre fomos parceiros na vida, na música, na política e agora mais do que nunca assumindo o mandato na vaga dele – claro que preferia que ele estivesse aqui para desenvolver esses projetos – mas a gente assume esse compromisso. Na verdade o trabalho em defesa das pessoas, da vida, continua.
Diga – A família foi a bandeira do seu primeiro mandato…
LG – Isso, a família está sempre em primeiro plano pra mim.
Diga – Vereador, como você companha tudo o que vem acontecendo com relação à pandemia da Covid-19, essa possibilidade de terceira onda…? Como avalia a situação de Salvador, do Estado…?
LG – Recebemos mais doses, é um avanço. Se tivéssemos um alinhamento vertical, do govern federal, estadual, municipal, tudo poderia ser diferente. No ano passado foi oferecido ao Brasil doses de vacina, quantidade considerável. Poderíamos ter 50% da população vacinada, hoje. Por outro lado temos uma população que precisa trabalhar, estar nas ruas e ainda temos a falta de comprometimento de muitos do uso da máscara e de não aglomerar. O cenário é esse. O mundo inteiro provou que a terceira onda é real. É uma tragédia, acomete milhares, milhões vida, mas podemos dizer, que dentro do que é possível Salvador está bem encaminhada na vacinação e nos cuidados. É a segunda capital que mais vacina. Vem fazendo seu papel. Quero parabenizar o prefeito Bruno Reis por esse trabalho que vem fazendo diuturnamente, preservando vidas.
Diga – Os que pretende desenvolver nos próximos quatro anos na Câmara Municipal de Salvador?
LG – Pretendo deixar uma mensagem positiva no cuidado com as famílias. Quando estive fora fiquei triste por falta de voz para os seres humanos. O prefeito Bruno Reis é uma pessoa próxima, entende a nossa luta. É um homem de família. Precisamos colocar a família como prioridade. Priorizar as pessoas, a saúde. Precisamos retomar a vida, educação, a retomada de tudo quando for controlada a a pandemia. Vai exigir empenho dos nossos representantes. Sabemos que Salvador foi um exemplo. Desde a posse de ACM Neto, em 2012, que a cidade vem seguindo a passos largos. Por esse motivo, foi sempre escolhido como melhor prefeito do Brasil por oito anos seguidos. Não poderia ser diferente. Bruno tem um desafio ainda maior que o de ACM Neto. É preciso reestruturar a cidade para o pós-pandemia. Os recursos ficaram escassos. A cidade ficou mais triste. Salvador é uma cidade cultural, que vive também do turismo. O Carnaval é a alegria do baiano de milhares de pessoas que amam a nossa festa. Estamos sem Carnaval. Pense: como é que vai ser nosso Carnaval pós-pandemia?
Diga – Inclusive, você faz parte da Comissão do Carnaval…
LG – Instalamos agora a Comissão, para discutir como será o novo modelo. Como vai ser esse Carnaval. Só vai participar quem estiver vacinado? Vão ser cinco dias, oito dias? Essas perguntas precisam ser feitas. Eu não acredito em carnaval com turistas, nem carnaval de cinco dias. Acho impossível. Temos que começar do zero. É o primeiro carnaval pós-pandemia, tem que ter cuidados, evitar repetir velhos erros.
Diga – E o radialista Leandro Guerrilha?
LG – O rádio é a minha principal paixão. Tudo o eu sou devo ao rádio. Eu não sou vereador. Estou vereador. Sou radialista e sempre defendi a vida, a família. Sou jornalista também. A ideia é que continuemos nosso trabalho no rádio. Política não é profissão é missão. Defender as pessoas e a famílias é a missão do radialista e do vereador.
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Entrevista concedida ao jornalista Chico Araújo