A privatização de alguns aeroportos lucrativos à Infraero poderá custar gastos extras de pelo menos R$ 3 bilhões ao governo federal. A medida também poderá deixar a estatal no vermelho por mais de 15 anos, com déficit de aproximadamente R$ 400 milhões por ano. A avaliação foi feita pela própria Infraero, em ofício enviado pelo presidente Antônio Claret de Oliveira ao ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Maurício Quintella Lessa. O documento, datado de 17 de agosto, foi classificado como “reservado”. De acordo com o G1, no ofício o presidente da Infraero se diz preocupado com a iminente decisão sobre as concessões de aeroportos lucrativos, “imprescindíveis”, o que faria a empresa depender de recursos do Tesouro para se manter. O temor, de acordo com o G1, é que a concessão prejudique os chamados “subsídios cruzados”, o fato de aeroportos mais lucrativos da estatal sustentarem os mais deficitários. Entre os 54 aeroportos da estatal, apenas 17 são superavitários e 5 deles respondem por 38% de toda a receita da Infraero: Congonhas, Santos Dumont, Curitiba, Recife e Manaus. Outra consequência das privatizações dos aeroportos é a absorção de mais de 1,6 mil funcionários dos blocos de aeroportos a serem concedidos, já que o acordo trabalhista assegura estabilidade dos empregados até 2020 e historicamente 80% deles decidem manter-se na Infraero. O ministro Maurício Quintella reconheceu que as privatizações causarão impacto, mas que reduziu o número de aeroportos do bloco do Nordeste a ser concedido, para que a Infraero se mantivesse sustentável. E o ministro ainda disse que o dinheiro da venda da participação da Infraero nos aeroportos concedidos irá direto para o caixa da estatal. Ainda segundo Quintella, a decisão de conceder Congonhas foi do governo. Nesta quarta-feira (23), o governo federal anunciou 57 privatizações para aliviar o rombo das contas públicas, entre elas 18 aeroportos. Congonhas e Recife, dois dos mais lucrativos à Infraer, também estão na lista.
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