Os objetos doados por artistas e personalidades aos moradores de Mariana (MG) atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão estão sendo leiloados na internet. Os lances podem ser dados até amanhã (20), às 19h, por meio de uma plataforma virtual.
A barragem de Fundão, pertencente à mineradora Samarco, rompeu-se no dia 5 de novembro de 2015. O episódio é considerado a maior tragédia ambiental do país. Foram liberados mais de 60 milhões de metros cúbicos de rejeitos que provocaram devastação da vegetação nativa, poluição da Bacia do Rio Doce, destruição de comunidades e a morte de 19 pessoas.
Em solidariedade, artistas e personalidades enviaram diversos artigos às vítimas que viviam nos distritos de Bento Rodrigues e Paracatu, destruídos pelos rejeitos. Entre os itens, que agora estão sendo leiloados, está um uniforme usado pela seleção brasileira na Copa do Mundo de 1982, doado pelo ex-jogador de futebol Zico. Já ofereceram três ofertas pela camisa e seu valor atual é de R$ 1.220.
Zico também doou um agasalho usado pela delegação brasileira na mesma Copa do Mundo. Para este item, já houve nove lances, o maior deles de R$ 1.020. Outro objeto que também alcança altas cifras é o relógio da marca Marc Coblen enviado pelo apresentador Fausto Silva. Já foram feitas oito ofertas, e quem ainda tiver interesse precisará desembolsar mais de R$ 1.200.
Há diversas peças com preços mais modestos, a partir de R$ 30. Muitas delas com apenas um ou nenhum lance, como uma caneta do apresentador Fausto Silva, dois aventais do programa de televisão Master Chef, um DVD do cantor Lucas Lucco, CDs de Lô Borges autografados, DVD, CDs, disco vinil e livros de autoria da cantora Fernanda Takai, além de diversos produtos personalizados doados pela apresentadora Ana Maria Braga: um livro de receitas, dois frascos de esmalte, uma faca e uma cafeteira.
Os participantes que arrematarem algum objeto irão recebê-lo pelos correios. Dos recursos arrecadados, 5% será destinado à comissão do leiloeiro responsável pela plataforma virtual. O restante será depositado em juízo e as famílias afetadas pela tragédia definirão em assembleia a forma como ele será empregado. Todo o processo é acompanhado pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).
Histórico
O leilão dos objetos havia sido prometido pelo prefeito de Mariana, Duarte Júnior, na época da tragédia. Passados seis meses sem que nenhuma iniciativa tivesse sido tomada, o governo municipal começou a ser questionado sobre o engavetamento dos artigos recebidos. Diante da situação, a prefeitura entregou as doações diretamente à comissão dos atingidos, que procurou o MPMG em busca de orientação sobre o que fazer.
Como os atingidos não tinham condições de garantir a segurança dos objetivos, muitos deles de alto valor financeiro, o MPMG ajuizou uma ação civil pública e obteve uma liminar obrigando a prefeitura a recolhê-los e garantir sua guarda e conservação. Finalmente, em uma audiência realizada em agosto do ano passado, foi celebrado um acordo no qual o município se comprometeu a fazer o leilão e depositar os recursos arrecadados em juízo.
Uma primeira tentativa de leiloar os objetos ocorreu em dezembro do ano passado, de forma presencial, no Centro de Convenções de Mariana. No entanto, ninguém compareceu. Na época, o MPMG informou que possíveis compradores dos objetos fizeram contato com o órgão, mas não puderam estar presentes fisicamente ao município mineiro.
Agência Brasil