A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) informou, hoje (6), que o licenciamento de automóveis nos dois primeiros meses do ano recuou 1% em relação ao mesmo período de 2019. Foram licenciadas 394,5 mil unidades, ante 398,4 mil em 2019.
O presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, explicou que o padrão que se verifica há tempos é o de resultados menos expressivos nos primeiros meses do ano. “Quero dizer que o primeiro bimestre está dentro das nossas expectativas, aquele padrão que a gente imaginava que poderia acontecer”, disse.
No período, também diminuíram as exportações e a produção de veículos. As reduções foram de 11,2% e 13,4%, respectivamente. O Brasil fechou fevereiro somando 58,2 mil automóveis exportados e 395,9 mil produzidos pelas montadoras.
“Com a exportação, a gente continua passando dificuldades. Não teve nenhum fato que mudou o cenário”, disse, destacando os decréscimos de exportações feitas ao México, Colômbia, Argentina e Chile. “A exportação continua sendo um desafio para o setor”.
Caminhões
As vendas e a produção de caminhões também apresentaram quedas de 1,2% e 0,9%, respectivamente. Em 2020, foram 13,7 mil unidades emplacadas, ante as 13,9 mil de 2019. Quanto à produção, o total passou de 16,4 mil para 16,3 mil.
Já o índice de exportações atingiu um bom desempenho, com aumento de 35% ao final de fevereiro. A variação que se deu pela diferença entre os resultados do primeiro bimestre de 2019 e de 2020, quando foram exportadas 1.326 e 1.790 unidades, respectivamente.
Ainda de acordo com a Anfavea, o bimestre transcorrido foi encerrado com uma piora nos três índices das vendas internas de máquinas agrícolas e rodoviárias. As vendas internas tiveram uma oscilação de menos 3,8%, a exportação de menos 13,2% e a produção de menos 4,3%.
Empregos
A Anfavea informou ainda que a empregabilidade da indústria automobilística encolheu, na comparação com janeiro e fevereiro de 2019. O total de postos caiu de 261,5 mil para 251,9 mil.
Coronavírus
Luiz Carlos Moraes também tratou do impacto do coronavírus para o setor automobilístico, lembrando que a China é principal fornecedor de autopeças para o Brasil. Ele disse, de modo enfático, que há risco de as montadoras paralisarem as atividades em decorrência do surto, já no final de março.
“Em tese, nós temos estoque para continuar produzindo pelas próximas semanas, mas também quero dizer que temos risco”, disse Moraes, acrescentando que não adota um “tom alarmista”, mas um “tom de realidade”, para estimular as montadoras a se prepararem para tomar medidas, caso seja necessário.
“Todas as alternativas estão sendo consideradas. Então, a mensagem é a seguinte, o risco existe. Por enquanto, não vamos ter nenhum problema, agora, mas existe um risco não generalizado que pode afetar montadoras, umas com um risco um pouco maior do que outras, pelas suas características. Em função de seu fluxo de importação, [o grau de risco e efetivo impacto] pode ser diferente. Então, a mensagem é a seguinte: existe risco, sim, e estamos monitorando.”
Dólar
Moraes defendeu que o governo federal adote medidas para estimular o crescimento da indústria automobilística. Uma das sugestões é a redução da incidência da carga tributária sobre o financiamento de veículos. “O sistema tributário do Brasil destrói negócios”, disse.
Moraes apresentou um cálculo que mostra que, com o dólar em torno de R$ 4,60, o custo adicional estimado para o setor automobilístico, este ano, será de R$ 8 bilhões. Segundo ele, nesse cenário, para cobrir a quantia, a indústria acrescenta R$ 2,6 mil ao valor de cada veículo produzido, o que pesa ainda mais no bolso do consumidor.
“A volatilidade no câmbio é uma coisa que a Anfavea acredita que tem que ser administrada. Alguma coisa precisa ser feita”, defendeu o presidente da Anfavea.
Agência Brasil