Uma aliança multicultural envolvendo 47 pessoas indígenas representando etnias do Brasil, Argentina e Equador e cinco não indígenas, com diferentes idades, gêneros, experiências, opiniões, visões, saberes e sentimentos, uniram-se para construir um livro digital paradidático e colaborativo chamado “11.645 Indígenas e Diversidade para a Paz”, da Rede de Abya Yala com Amor com realização da ONG Thydêwá, que promove a diversidade e a paz nas escolas. O lançamento será dia 16 de outubro, às 9h, no Colóquio “Poéticas e Narrativas Indígenas e Negro-brasileiras”, em parceria com o Núcleo de Estudos Afro-Regionais e Indígenas (KÀWÉ) da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), localizada no Campus Soane Nazaré de Andrade, Rod. Jorge Amado, Km 16 – Salobrinho, Ilhéus – BA.
O livro digital pluricultural foi desenvolvido, durante seis meses, para ser uma ferramenta aliada no dia a dia das escolas, auxiliando educadores na incorporação da temática das Culturas Indígenas em suas práticas pedagógicas. Além de enriquecer o currículo escolar, o livro busca fomentar uma sociedade mais inclusiva, livre de preconceitos, racismos e violências.
A obra será disponibilizada em português para download gratuito no dia 16 de outubro, no site da ONG Thydêwá (https://www.thydewa.org/paz), que é idealizadora da iniciativa. No conteúdo do livro, o público vai encontrar histórias, relatos, contos, reflexões, poesia, desenhos, ilustrações, colagens, atividades para serem realizadas em salas de aulas e muito mais. Também estão disponíveis mais de 300 vídeos feitos por indígenas e que podem ser utilizados em sala de aula, no canal Mensagens da Terra no YouTube (https://www.youtube.com/@
Estudar as Culturas Indígenas e conhecê-las traz esperança para a humanidade. Essas culturas demonstraram formas harmoniosas de viver e de se relacionar. Segundo Sebastián Gerlic, presidente da ONG Thydêwá, “este livro é como sementes e adubo para o despertar de nossa nova humanidade, reconectada com a Natureza e a Vida. Trazemos a diversidade cultural viva e as sabedorias indígenas como inspiração e guia para todos caminharmos, superando fronteiras, irmanando, limpando preconceitos, curando feridas e alimentando o espírito”.
A obra se destaca como um guia para promover as Culturas Indígenas, a Diversidade Cultural e a Cultura da Paz, alinhando-se às diretrizes da Lei 11.645/2008, que estabelece a obrigatoriedade do ensino da história e cultura indígena e afro-brasileira nas escolas. Também contribui significativamente com a inclusão das culturas indígenas na educação, uma ação multicultural que promove partilhas e aprendizagens.
O livro é uma ferramenta para tentar reduzir os preconceitos sobre os indígenas. “Com a invasão veio a colonização e os religiosos pregaram o preconceito e a discriminação, que ainda hoje existem, mas para nós Tupinambás cada ser humano é livre para viver como quiser. O que, aos olhos do não indígena, é pecado, para nós, é natureza, é natural. Portanto, sim, existem indígenas LGBTQIAP+ e é para pôr fim de vez a essas dúvidas que nos reunimos para escrever este livro”, afirma um dos autores, Herbert Tupinambá.
Sobre o livro digital “11.645 Indígenas e Diversidade para a Paz”
Nesta primeira edição, inspirados pela inteligência coletiva, fruto de muitas fogueiras digitais (reuniões online dentro da metodologia indígena), horas de diálogos transculturais, e partilha de sonhos, o e-book está dividido em três partes, sendo a primeira com textos de autoria de indígenas de diversas etnias, e a segunda e terceira com textos de indígenas e não indígenas.
Na primeira parte do livro digital, as culturas indígenas contemporâneas são apresentadas especialmente para crianças e jovens conhecerem e entenderem. Alguns indígenas contam histórias de suas tradições, outros narram experiências de vida, trazem sentimentos e pensamentos, pela literatura, pelo desenho e pela diagramação. Alguns escrevendo e outros usando o WhatsApp para, através da oralidade, terem suas expressões compartilhadas.
Na segunda parte, são sugeridas atividades pedagógicas para, seguindo as diretrizes da lei 11.645/2008, contribuir com a inclusão da História e das Culturas Indígenas na educação formal. Na terceira parte, há reflexões mais profundas, visando promover uma educação intercultural para todas as pessoas, promovendo uma sociedade livre de preconceitos, racismos e violências. O livro se apresenta como um material paradidático inovador, trazendo a pedagogia da Mãe Terra para todas as pessoas, inspiração necessária para a grande virada que desafia a humanidade.
Este projeto é realizado desde Ilhéus pela ONG Thydêwá, com patrocínio da Neoenergia Coelba e do Instituto Neoenergia, via Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Estado da Bahia – Fazcultura através do Edital Transformando Energia em Cultura da Neoenergia 2023. O projeto também conta com o apoio da Escola Livre de Formação em Arte e Cultura Abya Yala, que por sua vez conta com o Ministério da Cultura do Brasil e do Programa IberCultura Viva (https://thydewa.org/
ONG Thydêwá
A Thydêwá foi fundada em 2002 e é uma organização reconhecida nacional e internacionalmente. Ao longo de sua trajetória, já publicou mais de 40 livros, entre impressos e digitais, de protagonismo indígena e vários conteúdos audiovisuais, tendo como missão a valorização das Culturas Indígenas, da Diversidade Cultural em Diálogo e da Cultura da Paz. Muitos desses conteúdos foram premiados. Esses livros circulam amplamente e são altamente referenciados, em parte graças à sua qualidade e ao fato de possuírem ISBN e licença Creative Commons (CC-BY), o que os classifica como Recursos Educacionais Abertos (REA). Esta nova publicação é mais um passo na construção de um ambiente educacional que valorize e respeite as múltiplas identidades e culturas que compõem o Brasil.
Serviço
Evento – Lançamento do livro digital paradidático “11.645 Indígenas e Diversidade para a Paz”.
Data – 16 de outubro, às 9h.
Local – Colóquio “Poéticas e Narrativas Indígenas e Negro-brasileiras”, na Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), Campus Soane Nazaré de Andrade, Rod. Jorge Amado, Km 16 – Salobrinho, Ilhéus – BA.