Costa está preso desde 2014, ele foi o primeiro executiva da estatal a selar um acordo de delação premiada com a Justiça Federal. Em seus depoimentos, ele escancarou o esquema de corrupção na Petrobras e revelou o envolvimento de deputados, senadores e governadores no recebimento de dinheiro ilícito.
Atualmente, ele cumpre a pena no regime semi-aberto. A partir de 2018, ele cumpre as exigências para a progressão ao regime aberto.
Pressão presidencial
A pressão, segundo o deputado em depoimento em vídeo divulgado no site da Câmara, teria acontecido durante reunião no Palácio do Planalto.
Segundo Corrêa, além dele, de Lula e de Dutra, participaram da reunião o ex-deputado e então líder do PP, Pedro Henry, o ex-deputado e tesoureiro do PP José Janene, o ex-ministro das Relações Institucionais Aldo Rebello e o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.
Na reunião, segundo ele, “o principal diálogo” entre Lula e Dutra foi relacionado à demora na nomeação de Costa. “Lula disse a Dutra para mandar um recado aos conselheiros que, se Paulo Roberto Costa não estivesse nomeado em uma semana, ele iria demitir e trocar os conselheiros da Petrobras”, relatou.
Corrêa completou dizendo que “pouco tempo depois da reunião”, a nomeação de Costa para a Diretoria de Abastecimento da Petrobras foi aprovada e o PP, que tinha interesse e pressionava o governo obstruindo as votações no Congresso, “abandonou a obstrução da pauta”.
Cassado no Mensalão e condenado na Lava Jato a 29 anos e cinco meses, Corrêa já havia incriminado Lula em depoimento como testemunha no âmbito do processo envolvendo o triplex no Guarujá no qual o ex-presidente foi condenado a 9 anos e seis meses de prisão. Sua delação foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal em agosto.
Os vídeos e anexos da delação do ex-parlamentar foram tornados públicos no dia 29 de setembro, também no site da Câmara. Os arquivos integram uma pasta relacionada à segunda denúncia do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot contra o ex-presidente e outros peemedebistas por organização criminosa e obstrução da Justiça. O material foi enviado pelo Supremo Tribunal Federal à Casa no dia 22 de setembro.
Antigo
Os advogados de defesa do ex-presidente afirmaram, em nota, que o depoimento de Corrêa é “antigo” e “segue a lógica de que réus presos na Operação Lava Jato precisam inventar acusações contra o ex-presidente Lula para destravar delações com o Ministério Público e receberem benefícios, seja para deixar a prisão, seja para obter o desbloqueio patrimonial”.
“Tanto Paulo Roberto Costa quanto Nestor Cerveró (ex-diretor da área Internacional da Petrobras) já disseram em depoimentos como testemunhas desconhecer qualquer participação de Lula em irregularidades na Petrobras”, completou o texto.
A nota assinada pelo advogado Cristiano Zanin Martins apontou ainda que “o próprio juiz Sérgio Moro já reconheceu que não há qualquer elemento que possa vincular o ex-presidente Lula a recursos provenientes de contratos da Petrobras”. O texto encerrou reafirmando que Lula é vítima de “lawfare”, “que consiste no uso indevido das leis e dos procedimentos jurídicos para fins de perseguição política”.
R7