Estou chocada, arrasada”, lamentou Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella Nardoni, sobre a decisão da Justiça de autorizar a madrasta da sua filha a deixar o regime de prisão fechado e ir para o regime semiaberto.
Anna Carolina Jatobá está presa em Tremembé, interior de São Paulo, condenada a 26 anos e 8 meses de prisão pelo assassinato da enteada em março de 2008 na capital paulista. O pai da menina, Alexandre Nardoni, marido de Jatobá e ex-marido de Oliveira, também está preso, condenado pelo crime a 30 anos, 2 meses e 20 dias de prisão. Os dois sempre negaram o crime, alegando que um invasor entrou no prédio e matou Isabella.
Com a progressão de regime concedida nesta segunda-feira (17), Jatobá poderá deixar a prisão na saída temporária do Dia dos Pais, em agosto.
Oliveira criticou a decisão judicial. “Ninguém merece né?”, comentou a mãe de Isabella nesta tarde. “Tinha esperança que isso não acontecesse dado o absurdo, a fatalidade a atrocidade que ela [Jatobá] cometeu”.
Com a decisão, Jatobá vai cumprir a pena no semiaberto e terá direito de deixar a penitenciária cinco vezes ao ano para as saídas temporárias. Além disso, no regime mais brando, ela poderá deixar a prisão diariamente para trabalhar, desde que retorne todas as noites para dormir no local.
“Só tenho a dizer que é um absurdo. Que ninguém que comete um crime como esse pode ficar tão pouco tempo reclusa”, continuou Oliveira. “É isso que tenho pra falar. Que me sinto penalizada. Que é um absurdo”.
Regime semiaberto
A progressão foi concedida pela juíza Sueli Zeraik, da 1º Vara de Execuções Criminais (VEC) de Taubaté. A decisão será encaminhada para a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) ainda nesta segunda.
Após a notificação, Jatobá deverá ser transferida para a ala que abriga presas do semiaberto, onde está Suzane von Richtofen, condenada pela morte dos pais.
A expectativa é que a madrasta de Isabella deixe a prisão pela primeira vez em agosto, na saída temporária de Dia dos Pais.
Pedido
A progressão de regime foi um pedido da defesa de Jatobá, feito em abril deste ano. Nele, a defesa da presa alegava que ela já tinha direito ao benefício por ter cumprido o tempo mínimo exigido para mudar de regime e bom comportamento prisional.
No último mês, após receber o resultado de um exame criminológico favorável à progressão da detenta e documentos com detalhes de rotina dela em que constavam elogios dos diretores e funcionários da penitenciária, o Ministério Público foi favorável à concessão do semiaberto à Anna Carolina e encaminhou o processo para a decisão da juíza.
“Vale dizer que a gravidade do crime e suas consequências, por mais nefastas e repugnantes que sejam, não podem prevalecer”, diz trecho do parecer do promotor Luiz Marcelo Negrini.
Planos
O parecer de uma equipe técnica, que produziu em junho laudos psicólogo e psiquiátrico, apontou, sobre o comportamento da detenta que ‘a possibilidade de reincidência é nula’.
Aos especialistas, Jatobá afirmou ser inocente e disse desejar que a verdade sobre o caso apareça. Ela afirma ainda ter aprendido a ser paciente durante os nove anos em que esteve reclusa.
Questionada sobre seus projetos de vida, disse planejar após ter a liberdade definitiva buscar apoio dos familiares, manter o relacionamento com o marido Alexandre Nardoni – que também está preso em Tremembé -, fazer um curso de moda e abrir um ateliê de costura.
“Quero estar com meus filhos. Vou morar em São Paulo ou numa cidade do litoral, trabalhar e tentar viver minha vida. Gostaria que um dia minha vida pudesse voltar ao normal. Gostaria de desenvolver o meu lado espiritual e ajudar as pessoas”, disse. Anna e Alexandre Nardoni têm dois filhos, de 10 e 12 anos.
De acordo com o psiquiatra que fez a avaliação, ela assimilou a gravidade do ocorrido, possui valores éticos e morais e é capaz de manter controle sobre sua agressividade e perspectiva de vida.
Do G1