Nova pesquisa nacional da Abrasel indica que a recuperação após a reabertura na maioria das cidades do país está melhor do que a associação prévia para o período, mas ainda desaponta muitos empresários. Mais da metade (53%) dos donos de bares e restaurantes diz que suas empresas operam no prejuízo – e para 52% deles o faturamento está abaixo da expectativa na retomada. Em setembro, com a extensão do horário de funcionamento em algumas capitais, houve ligeira melhora nas receitas. Mesmo assim, 56% dos empresários dizem estar faturando menos da metade do que no mesmo período do ano passado.
Responsáveis por mais de seis milhões de empregos no Brasil antes da pandemia, os bares e restaurantes operam hoje com menos funcionários – e a perspectiva da maioria é não contratar no curto prazo, se o faturamento continuar decepcionando.
“A pesquisa retrata o que estamos vivendo no dia-a-dia, a busca incessante de superação da impiedosa equação: custos operacionais maiores somados a oferta e a demanda reduzidas e conseguir fazer com que o resultado seja positivo para gerar capacidade financeira de honrar os compromissos, manter os empregos, tudo isso ainda enfrentando o aumento dos preços dos ingredientes utilizados, ausência de transporte noturno para colaboradores, e um grau de endividamento jamais visto no segmento. Os desafios são enormes, e a disposição de vencer também!”, disse o presidente executivo da Abrasel, Luiz Henrique do Amaral.
“Em algumas cidades ficamos fechados por seis longos meses, e no começo da retomada só nos foi permitido abrir em horários muito restritos. Agora começa uma flexibilização maior e a expectativa é termos uma retomada gradual do faturamento. Alguns perfis de empresa estão sofrendo mais, como os que atendem as classes A e B. Em volume estimo que já chegamos a 60% do que era na mesma época de 2019, antes da pandemia”, diz Paulo Solmucci, presidente-executivo da Abrasel.
Para ele, este último dado confirma a expectativa da associação de que com o equilíbrio da oferta, já que 30% dos estabelecimentos deixou de operar, quem sobreviver até dezembro voltará a fazer o faturamento pré-crise.
A pesquisa, realizada nos 27 estados, apontou também um alto nível de endividamento das empresas. Nada menos que 62% disseram ter contraído empréstimos para sobreviver durante a crise – e outros 18% afirmam haver tentado, mas receberam negativa dos bancos. Quase um terço (30%) dos respondentes estima levar até dois anos para trazer as dívidas a um patamar normal ou aceitável.
“A pesquisa mostra que quem conseguiu sobreviver terá um caminho duro pela frente nos próximos meses e até nos próximos anos. O setor precisa de atenção contínua para assegurar os empregos e ter alguma perspectiva de recontratação”, afirma Solmucci.
Dos respondentes, 57% dizem não ter a intenção de contratar agora. E dos que dizem pretender fazê-lo, a expectativa da maioria é aumentar o quadro em apenas 10%.
A pesquisa também avaliou a percepção dos empresários quanto ao aumento dos insumos na retomada. Sem estoques, devido ao longo tempo fechado, o susto foi grande na hora de reabastecer a cozinha: quase metade (47%) avalia que o preço dos insumos está pelo menos 15% mais caro do que era antes da pandemia, um número bem acima da inflação geral. Com o aumento, muitos têm de repassar parte dos custos para o cardápio. Metade dos empresários (50%) afirma ter aumentado os preços dos pratos entre 6% e 10%. Com os custos em alta e faturamento ainda abaixo do ideal, 23% esperam levar seis meses para equilibrar o caixa, e outros 20% dizem esperar alcançar o equilíbrio em até um ano.
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