Mais de cem pessoas morreram nesta quinta-feira (29) durante uma distribuição de comida e ajuda humanitária na Faixa de Gaza, segundo o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas.
O governo do Hamas acusou soldados israelenses que intermediavam a distribuição de abrir fogo contra palestinos. Em nota, as Forças Armadas de Israel disseram apenas que houve “empurrões e correria”, com mortos e feridos.
Sob condição de anonimato, uma autoridade do governo de Israel disse à agência de notícias Reuters que as tropas israelenses dispararam diversas vezes porque os soldados teriam se sentido ameaçados. O jornal americano “New York Times” publicou um relato semelhante, também sem revelar a identidade da autoridade israelense. A agência de notícias Associated Press afirma, com base em testemunhas, que soldados israelenses atiraram.
O porta-voz das Forças de Defesa de Israel, Daniel Hagari, disse que dezenas de pessoas morreram em pisoteamentos e brigas para pegar os suprimentos dos caminhões. Em um segundo momento, disse Hagari, os tanques que faziam escolta armada dos caminhões fizeram disparos de aviso para dispersar a multidão e se afastaram quando a situação piorou. “Não houve ataque das Forças de Defesa de Israel em direção ao comboio”, afirmou.
Ele disse que os militares israelenses estavam no local “conduzindo uma operação humanitária para garantir o corredor humanitário para que os itens de ajuda cheguem ao local de distribuição”.
Relatos dos palestinos
“Fomos buscar comida e eles começaram a atirar”, disse um palestino que estava no local. “Fomos surpreendidos por tanques israelenses que abriram fogo”, afirmou outro. Veja os relatos no vídeo abaixo.
Segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, 112 pessoas morreram e 760 ficaram feridas.
Em um comunicado, as Forças Armadas de Israel afirmaram que as mortes ocorreram em decorrência da correria de uma multidão que cercou os comboio de ajuda humanitária.
“Nesta manhã, caminhões de ajuda humanitária entraram no norte de Gaza, os residentes cercaram os caminhões e saquearam os mantimentos entregues. Como resultado dos empurrões, correria e atropelamentos, dezenas de habitantes de Gaza foram mortos e feridos”, diz o texto.
Repercussão internacional
A Casa Branca disse que considera o caso “um incidente sério” e que irá investigá-lo. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que o episódio complica um acordo entre Israel e Hamas para um cessar-fogo em Gaza.
O secretário-geral da ONU afirmou que o caso precisa ter uma investigação independente.
30 mil mortos
O episódio ocorreu no dia em que o número de mortos na Faixa de Gaza desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, em 7 de outubro, passou da marca de 30 mil pessoas, de acordo com balanço do governo local, controlado pelo grupo terrorista. O levantamento não separa a morte de civis e de integrantes do Hamas e e de outros grupos terroristas.